Era uma vez um homem chamado
Tranquilo. Nasceu de uma gravidez tranquila, desejada e no meio de uma família
tranquila como poucas.
Entrou tranquilamente na escola
e, com alguma tranquilidade, finalizou a sua formação. Durante a juventude o
Tranquilo envolveu-se, sempre serenamente é claro, nas actividades típicas da
sua idade.
Conheceu uma rapariga chamada
Calma com quem constituiu uma família tranquila, como a sua.
A sua vida continuou um paradigma
de tranquilidade, no emprego, sem sobressaltos, cumpria o que dele se esperava,
sendo, por isso, suficientemente remunerado para viver sem sobressaltos. Sempre
encontrava tempo para, tranquilamente, estar com os filhos, amigos e para
actividades que não dispensava, como ler ou ouvir música.
O Tranquilo entrou na velhice com
a serenidade de sempre, ao lado da companheira Calma junto de quem vivia,
calmamente, cada hora de cada dia, espreitando o mundo que se agitava do lado
de fora deles. Era também com enorme serenidade que contava histórias aos netos
que ficavam a ouvi-las sem agitação.
Um dia, de mansinho,
tranquilamente, o Tranquilo abalou.
Algumas das pessoas que com ele
se cruzaram nas esquinas da vida disseram, “Este tipo sempre foi um acomodado,
um fracassado”.
Onde quer que seja que o
Tranquilo estivesse, ouviu-as e sorriu.
Serenamente.
Serenamente.
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