"País tem mais 10 mil milionários"
É mesmo verdade. A crise e a
austeridade, contrariamente ao que acontece com o Sol, não nascem para todos.
Segundo o Relatório "Global
Wealth Report 2014", do Credit Suisse, divulgado por estes dias, que avalia
a evolução da riqueza no mundo e respectivas desigualdades, nos últimos dois
anos mais 21172 portugueses atingiram, pelo menos, um milhão de dólares. Aliás,
no ano em curso existem já mais 10 777 novos "remediados" com, pelo
menos, um milhão de dólares.
O Relatório, considerandos os
dados mundiais, reafirma a conclusão de que os tempos de crise acentuam o fosso
entre ricos e pobres.
Nada de novo, apesar dos
discursos com que nos querem convencer de que as assimetrias no rendimento de
ricos e pobres e na distribuição da riqueza se vão esbatendo, às vezes torturando
alguns números para que a realidade pareça diferente, um estudo do Banco
Central Europeu conhecido em Julho revelava que em Portugal o peso da fortuna
dos mais ricos é superior ao que se acreditava, um quarto da riqueza pertence a
1% da população.
Considerando os nove países da
zona euro analisados, Portugal é o terceiro país com uma maior concentração da
riqueza, atrás da Áustria e da Alemanha.
Também sabemos que a esta
concentração corresponde uma das maiores assimetrias da Europa entre o
rendimento da minoria mais favorecida e os mais pobres que se acentua com a
crise como o Relatório agora conhecido confirma.
Como algumas vezes oiço alguém
referir, falamos de pobreza, quando o nosso problema é com a riqueza, está mal
distribuída e todos queremos ser ricos, muito ricos. É neste quadro que se
acentua e promove a desregulação que leva ao enorme fosso entre os mais ricos e
os mais pobres.
Nós precisamos de combater a assimetria
da distribuição da riqueza e produzir mais riqueza, precisamos de combater
mordomias e desperdício de recursos e meios ineficientes e muitas vezes
injustificados que alimentam clientelas e interesses outros. Nós precisamos de
combater a teia de protecção legal e política aos interesses dos mercados e dos
seus empregados que conflituam com os interesses das pessoas.
O que precisamos é de coragem e
visão sem subserviência ao ditado dos mercados e dos seus agentes para definir
modelos económicos, sociais e políticos destinados a pessoas e não a mercados
ou a grupos minoritários de interesses.
Como vamos conseguir?
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