"Telemóvel ou filhos? O que é prioritário pode não ser tão óbvio para alguns pais"
No Público de hoje encontra-se a referência a um estudo
norte-americano que envolveu um número importante de crianças com idades
diferentes sobre as relações com os seus pais e as relações destes com
dispositivos como telemóveis ou tablets.
O estudo sugere que
as crianças expressam de forma muito clara um aumento da distância, da desatenção
e de dificuldades relacionais pois sentem os pais numa sobreutilização daqueles
dispositivos em detrimento do contacto consigo e da atenção que lhes dedicam.
O estudo é importante, ouve as crianças, e vem ao encontro
de outras investigações e das experiências que vamos conhecendo em muitas
famílias.
A falta de disponibilidade e atenção para os miúdos,
mesmo quando estão com eles, também contribuem para que muitíssimas crianças e
jovens sintam que vivem à beira de pais para os quais
passam completamente despercebidas, são as que eu chamo de crianças
transparentes, olhamos para elas, através delas, como se não existissem. Não
estando desaparecidas, estão abandonadas. Algumas delas não possuem ferramentas
interiores para lidar com tal abandono e desaparecem, mantendo-se à nossa
vista, no primeiro buraco que a vida lhes proporcionar, um ecrã, outros
companheiros tão abandonados quanto eles, o consumo de algo que lhes faça
companhia ou a adrenalina de quem nada tem para perder.
Em boa parte das situações pode ficar difícil ir à procura
destas crianças e adolescentes e, por vezes, alguns perdem-se de vez.
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