Confesso que fiquei espantado, o
Ministro Nuno Crato entende que o processo de colocação de professores "pode
ser melhorado". Esta dose de humildade, apesar de não ter sido referida
pelo próprio como mais um "momento histórico", é algo que deve ser
registado.
Com a informação disponível não conheço
os aspectos que o Ministro entende ser melhorado. Provavelmente, como sempre
considerou o processo competente e adequado, exceptuando aquele "pormenorzito"
da fórmula errada, as melhorias serão pequenas afinações, o tipo de letra das centenas
de circulares dirigidas às escolas, por exemplo.
O Ministro disse também no Parlamento
que está disponível para discutir com os partidos a autonomia das escolas. Registo
o esforço e a intenção de diálogo, apenas não percebo bem porque só agora se
lembrou e também não vislumbro a razão para o súbito interesse pela questões da
autonomia por parte de um Ministro que tem alimentado um centralismo burocrata
e esmagador que mesmo para as escolas com contratos de autonomia continua
insustentável como os directores referem regularmente.
Relativamente aos efeitos que
esta caótica situação terá nos alunos e no seu percurso escolar, nomeadamente,
nos que frequentam anos com exame final, alguns dos exames a meio do 3º
trimestre, Nuno Crato afirma que “a igualdade de circunstâncias dos alunos perante
os exames vai ser o mais perfeita possível”. É claro que esta ideia de o "mais
perfeita possível" vai ser de uma enorme latitude e mais uma vez as
escolas, os professores, terão de apagar um fogo ateado pela incompetência do MEC com recursos e
esforços que já estão no limite.
Neste contexto partilho um depoimento
que me parece elucidativo e que está na caixa de comentários a um texto
anterior aqui no Atenta Inquietude.
"Escolas há que contornam a situação com a imposição de aulas de
substituição (gratuitas para os docentes que as leccionam e extra o seu próprio
horário lectivo).
Na minha escola/ agrupamento é o que está a acontecer há semanas em várias disciplinas.
Eu já vou na terceira semana consecutiva a leccionar aulas da minha disciplina numa turma que não me pertence e num ano de escolaridade que não me foi atribuído, a acumular ao meu próprio horário lectivo e repartindo a leccionação dessa disciplina/turma com mais duas colegas (uma disciplina/turma = três professoras).
Percebo que o interesse dos alunos fale mais alto, mas começo a perguntar-me se, quando finalmente forem colocados professores nesses horários por atribuir nas escolas, os colegas que estão agora a ser sobrecarregados não precisarão também eles de ser substituídos! Estar à frente de uma turma de alunos não é a mesma coisa que estar sentado numa repartição pública, sem qualquer desprimor para a actividade, obviamente. Já há gente muita cansada nas escolas, em certos casos a fazer quase meio horário a mais por semana. Porquê? Porque um bando de incompetentes, que dá pelo nome de responsáveis do MEC, não consegue resolver um imbróglio que nunca devia ter acontecido? E ainda assim continua em funções?"
Na minha escola/ agrupamento é o que está a acontecer há semanas em várias disciplinas.
Eu já vou na terceira semana consecutiva a leccionar aulas da minha disciplina numa turma que não me pertence e num ano de escolaridade que não me foi atribuído, a acumular ao meu próprio horário lectivo e repartindo a leccionação dessa disciplina/turma com mais duas colegas (uma disciplina/turma = três professoras).
Percebo que o interesse dos alunos fale mais alto, mas começo a perguntar-me se, quando finalmente forem colocados professores nesses horários por atribuir nas escolas, os colegas que estão agora a ser sobrecarregados não precisarão também eles de ser substituídos! Estar à frente de uma turma de alunos não é a mesma coisa que estar sentado numa repartição pública, sem qualquer desprimor para a actividade, obviamente. Já há gente muita cansada nas escolas, em certos casos a fazer quase meio horário a mais por semana. Porquê? Porque um bando de incompetentes, que dá pelo nome de responsáveis do MEC, não consegue resolver um imbróglio que nunca devia ter acontecido? E ainda assim continua em funções?"
Que mais se pode dizer?
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