"A direção certa da Educação segundo Nuno Crato"
O Ministro Nuno Crato produziu
hoje na sua participação no 36º aniversário da UGT um rasgadíssimo elogio à
obra realizada. Lembrei-me do velho Mário Sénico, um homem bom que já partiu
que frequente afirmava "ai de mim se não for eu".
O Ministro inventariou, agora diz-se
elencou, os grandes sucessos da sua passagem pela 5 de Outubro. Passo a citar acrescentando umas notas telegráficas.
Reforço dos conhecimentos
essenciais dos alunos. Os resultados das avaliações internacionais e nacionais
dos últimos anos mostram justamente um abaixamento de resultados.
Reforço da avaliação externa. Na
verdade temos mais exames mas ainda não percebi porque é medir muitas vezes a
febre esta irá baixar. Mais uma vez os resultados nos exames não autorizam a
ideia de que só por existirem os exames promovem qualidade.
Valorização do ensino
profissionalizante. Esta valorização traduz-se na instalação de uma espécie de
darwinismo educativo impondo sucessivos crivos que seleccionem os mais
competentes empurrando os preguiçosos e menos dotados desde muito novos para o
reforçado ensino profissionalizante.
Acompanhamento dos alunos nas
primeiras dificuldades. O corte brutal no número de docentes, designadamente no
1º ciclo, que as oscilações geográficas não justificam apesar das habilidades
estatísticas frequentes, que têm reflexos
no número de alunos por turma e na dificuldade estruturar apoios ao
trabalho de alunos e professores, desmentem, apesar de algumas boas
experiências e do emprenho das escolas a afirmação do Ministro que tem é
evidente, uma relação um pouco turbulenta com a realidade.
Valorização da qualidade da
docência. Os conteúdos humilhantes e sem sentido da sinistra PACC e de todo o processo e a colocação de professores que ainda está em curso são dois excelentes testemunhos desta valorização.
Maior autonomia das escolas,
nomeadamente, curricular e pedagógica. As frequentes intervenções dos
directores de escolas e agrupamentos, mais uma vez desmentem a afirmação. Se
considerarmos as burocratizadas e excessivas metas curriculares estabelecidas
pelo MEC dificilmente deixam margens para autonomia curricular que, aliás,
mesmo nos limites em que existem, apenas se verificam em algumas escolas.
Aumento da competitividade
internacional do ensino superior e da ciência. Para além do brutal desinvestimento orçamental
brutal neste sector, talvez seja de ouvir, são públicas e frequentes as
opiniões de professores, reitores, presidentes dos Institutos Politécnicos e
investigadores. Neste âmbito, o processo de avaliação dos centros e laboratórios
de investigação foi insustentável, com a incumbência à partida de liquidar metade
das estruturas nacionais. Até ver, a incumbência foi cumprida pela ESF.
Reforço da inovação e da
transferência de conhecimento para a sociedade e para a economia. Nuno Crato
continua a insistir no equívoco de confundir desenvolvimento tecnológico com
desenvolvimento científico além de que eventuais mudanças se devem mais aos
investigadores e centros que à acção do MEC.
Uma referência final à afirmação de
que "sabemos pelas experiências internacionais, pelos e estudos e
pesquisas desenvolvidos ao longo dos anos que estamos na direcção certa". Qual é a direcção certa? Quais estudos? Quais
experiências?
Ai de mim se não for eu.
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