quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A DIRECÇÃO CERTA DE NUNO CRATO. AI DE MIM SE NÃO FOR EU

"A direção certa da Educação segundo Nuno Crato"

O Ministro Nuno Crato produziu hoje na sua participação no 36º aniversário da UGT um rasgadíssimo elogio à obra realizada. Lembrei-me do velho Mário Sénico, um homem bom que já partiu que frequente afirmava "ai de mim se não for eu".
O Ministro inventariou, agora diz-se elencou, os grandes sucessos da sua passagem pela 5 de Outubro. Passo a citar acrescentando umas notas telegráficas.
Reforço dos conhecimentos essenciais dos alunos. Os resultados das avaliações internacionais e nacionais dos últimos anos mostram justamente um abaixamento de resultados.
Reforço da avaliação externa. Na verdade temos mais exames mas ainda não percebi porque é medir muitas vezes a febre esta irá baixar. Mais uma vez os resultados nos exames não autorizam a ideia de que só por existirem os exames promovem qualidade.
Valorização do ensino profissionalizante. Esta valorização traduz-se na instalação de uma espécie de darwinismo educativo impondo sucessivos crivos que seleccionem os mais competentes empurrando os preguiçosos e menos dotados desde muito novos para o reforçado ensino profissionalizante.
Acompanhamento dos alunos nas primeiras dificuldades. O corte brutal no número de docentes, designadamente no 1º ciclo, que as oscilações geográficas não justificam apesar das habilidades estatísticas frequentes, que têm reflexos  no número de alunos por turma e na dificuldade estruturar apoios ao trabalho de alunos e professores, desmentem, apesar de algumas boas experiências e do emprenho das escolas a afirmação do Ministro que tem é evidente, uma relação um pouco turbulenta com a realidade.
Valorização da qualidade da docência. Os conteúdos humilhantes e sem sentido da sinistra PACC e de todo o processo e a colocação de professores que ainda está em curso são dois excelentes testemunhos desta valorização.
Maior autonomia das escolas, nomeadamente, curricular e pedagógica. As frequentes intervenções dos directores de escolas e agrupamentos, mais uma vez desmentem a afirmação. Se considerarmos as burocratizadas e excessivas metas curriculares estabelecidas pelo MEC dificilmente deixam margens para autonomia curricular que, aliás, mesmo nos limites em que existem, apenas se verificam em algumas escolas.
Aumento da competitividade internacional do ensino superior e da ciência.  Para além do brutal desinvestimento orçamental brutal neste sector, talvez seja de ouvir, são públicas e frequentes as opiniões de professores, reitores, presidentes dos Institutos Politécnicos e investigadores. Neste âmbito, o processo de avaliação dos centros e laboratórios de investigação foi insustentável, com a incumbência à partida de liquidar metade das estruturas nacionais. Até ver, a incumbência foi cumprida pela ESF.
Reforço da inovação e da transferência de conhecimento para a sociedade e para a economia. Nuno Crato continua a insistir no equívoco de confundir desenvolvimento tecnológico com desenvolvimento científico além de que eventuais mudanças se devem mais aos investigadores e centros que à acção do MEC.
Uma referência final à afirmação de que "sabemos pelas experiências internacionais, pelos e estudos e pesquisas desenvolvidos ao longo dos anos que estamos na direcção certa".  Qual é a direcção certa? Quais estudos? Quais experiências?

Ai de mim se não for eu.

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