quinta-feira, 16 de outubro de 2014

MAS AS CRIANÇAS, SENHOR

"Crianças mais expostas à pobreza desde 2010 em Portugal"

Segundo o INE e reportando dados de 2012, o risco de pobreza passou a atingir 24,4% das crianças portuguesas, quando essa proporção era de 21,8% em 2011.  Na população total aumentou de 17,9% em 2011 para 18,7% em 2012.
De acordo com os especialistas, considerando o abaixamento significativo das transferências sociais o cenário tenderá a agravar-se apesar da retórica do Governo relativamente à melhoria nas condições de vida dos portugueses.
As dificuldades das famílias e o que dessas dificuldades penaliza e ameaça os mais pequenos, é demasiado importante para que não insistamos nestas questões. Todos os estudos e indicadores identificam os mais novos como o grupo mais vulnerável ao risco de pobreza que, como vimos, continua a  aumentar.
As dificuldades que afectam directamente a população mais nova são algo de assustador. Esta realidade não pode deixar de colocar um fortíssimo risco no que respeita ao desenvolvimento e ao sucesso educativo destes miúdos e adolescentes e portanto, à construção de projectos de vida bem sucedidos. Como é óbvio, em situações limite como a carência alimentar, exploração sexual, mendicidade, insucesso educativo, estaremos certamente em presença de outras dimensões de vulnerabilidade que concorrerão para futuros preocupantes.
É por questões desta natureza que a contenção das despesas do estado, imprescindível, como sabemos, deveria ser feita com critérios de natureza sectorial e não de uma forma cega e apressada, custe o que custar, naturalmente mais fácil mas que, entre outras consequências, poderá empurrar milhares de crianças para situações de fragilidade e risco com implicações muito sérias.
As palavras de Augusto Gil de 1909 estão tragicamente actualizadas.
(...)
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!..
(...)

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