O Expresso coloca em 1ª página que o ex-ministro Manuel Pinho quer processar o BES pois recebia até ao início do ano um ordenadito de 39 000€ como administrador do BES África, uma holding sem actividade sublinhe-se, e afirma ter na sua posse uma carta do padrinho Ricardo Salgado que lhe garantia este ordenadito até à idade da reforma. Com uma ponta de demagogia recordo que o salário mínimo subiu em termos reais pouco mais de 15€ passando para cerca de 505€.
O que sempre escrevo a propósito dos recorrentes episódios
elucidativos desta longa narrativa, “Os Negócios da Família”.
"A roda livre de impunidade e incumprimento dos mais
elementares princípios éticos quando não da lei, produziu nas últimas décadas
uma família alargada que, à sombra dos aparelhos partidários e através de
percursos políticos, se movimentam num tráfego intenso entre entidades e
empresas públicas e entidades privadas, promovendo
frequentemente em negócios que insultam os cidadãos.
Esta família alargada envolve gente de vários quadrantes
sociais e políticos com uma característica comum,
os negócios obscuros de natureza multifacetada e de escala variável,
desde o jeitinho para o emprego para o amigo até aos negócios de muitos
milhões.
Acontece ainda e isto tem efeitos devastadores, que
muitos dos negócios que esta família vai realizando envolve com frequência
dinheiros públicos e com pesados encargos para os contribuintes.
Esta família conta ainda com a cooperação de um sistema
de justiça talhado à sua medida pelo que raramente se assiste a alguma
consequência decorrente dos negócios da família.
Curiosamente, mas sem surpresa, todos os membros desta
família, quando questionados sobre os seus negócios ou envolvimento em
algo, afirmam, invariavelmente que tudo é feito tudo dentro da lei, nada
de incorrecto e, portanto, estão sempre de consciência tranquila.
Alguém poderia explicar a esta gente que, primeiro, não
somos parvos e, segundo, o que quer dizer consciência.
Esta é a pantanosa pátria, nossa amada."
Aguarda-se o próximo episódio desta tenebrosa narrativa, “Os
negócios da Família”.
E não se pode exterminá-los?
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