"O superior interesse do aluno"
Esta é umas das raras vezes em
que estou, quase, de acordo com a Opinião de João Miguel Tavares, o génio que
substituiu outro Génio, Pedro Lomba, numa coluna de Opinião no Público.
No entanto, embora esteja de
acordo com a forma como é descrito o catastrófico processo da colocação de professores, não
estou de acordo com a razão que JMT apresenta para todo este enleio.
No final do artigo afirma, "E isto não tem nada a ver com asneiras
em concursos – tem a ver com uma visão da escola errada e com as suas
prioridades manifestamente trocadas".
Em primeiro lugar existe, de
facto, de facto uma enorme incompetência em tudo o que tem sido feito. Tal
constatação não parece suscitar dúvidas por parte de quem acompanhe minimamente
o processo.
Em segundo lugar, JMT afirma que
as prioridades estão "trocadas", existe a defesa do "superior
interesse do professor" e não o "superior interesse do Ministério da
Educação". Refere, noutra formulação, que se protege o "direito ao posto
de trabalho" e não o "direito ao ensino".
Não, não me parece que se passe
assim. Existe na verdade uma conflitualidade significativa, naturalmente, com
contornos corporativos e contaminada pelos interesses da partidocracia.
No entanto, se existe uma dimensão que pode caracterizar a política educativa mais recente é, justamente, um
corte brutal no que JMT chama de "direito ao posto de trabalho", milhares e
milhares de professores empurrados para fora do sistema, não porque não façam
falta, não porque não sejam competentes mas, "simplesmente" porque é
preciso cortar na despesa em educação e este é um caminho que parece fácil.
Estaremos de acordo que "o
superior interesse do aluno" não está acautelado, mas não porque seja acautelado
o "superior interesse do professor".
Esta política educativa(?), em termos de gestão dos professores, não
protege alunos como não protege, globalmente, professores. Esta constatação também me parece não merecer grande
discussão.
Protegerá, isso sim, um outro
conjunto de interesses e uma visão de sociedade e de educação que vai estando progressivamente
mais clara, mas não na forma que JMT a coloca.
Aliás, estou mesmo convencido que
Nuno Crato e JMT terão visões razoavelmente próximas sobre educação e escola.
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