Algumas horas depois de aplaudir uma atitude que, do meu ponto de vista, defende a nossa identidade, a suspensão da utilização da norma do Acordo Ortográfico nos serviços do CCB por decisão de Vasco Graça Moura, sou confrontado com um ataque muito sério à nossa cultura e identidade. A Câmara do Porto tem a intenção de alterar o seu Código Regulamentar e introduzir novas regras e coimas para ‘graffiti’ e cartazes. Como se já não fosse suficientemente grave, pretende ainda proibir uma das nossas marcas identitárias, cuspir para o chão e ainda, incompreensivelmente, urinar, fazer limpezas domésticas e lavar carros na via pública.
Francamente, não entendo o alcance destas medidas que só descaracterizam a nossa vida urbana e nos condenam a um cinzentismo bem comportado e sensaborão que alguns, erradamente, interpretam como desenvolvimento.
Imagino ainda que se esta atitude de destruição cultural tem seguidores, os danos podem ser catastróficos. Repararem o estado em que, por exemplo o Bairro Alto ou Santos, em Lisboa, ficariam se António Costa tivesse a fraqueza de seguir este triste e lamentável exemplo de Rui Rio.
Assim como Graça Moura resistiu ao Acordo Ortográfico, também nós, cidadãos comuns preocupados com a cultura portuguesa, temos que resistir e lançar um amplo movimento cívico contra a intenção da Câmara do Porto antes que se constitua um péssimo exemplo.
Como querem que nós vivamos em comunidade urbana se não podemos cuspir para o chão, fazemos o quê? Para o ar? Está tudo louco e tomado por uma espécie de fundamentalismo higiénico. Alguém é capaz de prescindir da sensação inultrapassável de aliviar uma aflição proveniente de uma noite de cerveja na soleira mal iluminada de um prédio? E do cheiro a humanidade, por assim dizer, que muitos espaços urbanos têm para oferecer?
Quem nos visitará quando formos iguais a todos os outros e perdermos as nossas características distintivas.
Aux armes, citoyens.
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