Um destes dias a professora Cláudia estava com ar cansado a olhar para a chávena do chá na sala de professores. O Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros foi meter-se com ela.
Então Cláudia a lida pesa?
Não Velho, mesmo quando pesa, e às vezes pesa muito, gosto da lida. Estava pensar no Miguel Costa.
Porquê?
Não sei o que hei-de fazer. É desatento, desorganizado, pouco trabalhador, não acaba as actividades, não sabe escrever conforme seria de esperar, não tem competências de estudo, enfim. Não o entendo.
Na verdade existem miúdos que não fica fácil entender, mas posso dizer-te uma coisa sem que te zangues comigo, Cláudia?
Claro Velho, porque haveria de me zangar contigo.
Achas que alguém pode ser quem não é?
Não entendo.
Quando falas do Miguel Costa só referiste o que ele não é, não disseste nada do que ele é. É por isso, também, que eu acho que não está a ser fácil entendê-lo. Quando estamos mais atentos ao que somos fica mais claro perceber o que é que não somos, ninguém pode ser quem não é. Quando percebemos o que sabemos fica mais claro o que não sabemos, só somos mais a partir do que somos e só sabemos mais a partir do que já sabemos.
Acho que vou ter que olhar de novo para o Miguel Costa.
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