A tragédia ocorrida no Egipto, num estádio de futebol, leva-me a algumas notas sobre este universo remetendo-as para o nosso país embora as questões que levanto não lhe sejam exclusivas, como o drama do Egipto demonstra.
Em primeiro lugar devo dizer que sou um apaixonado do futebol e praticante durante muitos anos, só uma lesão grave me privou de uma carreira notável que certamente acabaria em Itália ou Espanha.
É esta minha paixão pelo futebol que faz entender que o futebol português tem vindo de há vários anos a transformar-se num produto pouco recomendável e num cenário mal frequentado. O melhor do que existe no futebol português passa pelos os jogadores, quase todos, e pela bola, apesar dos pontapés que leva.
Os meandros do futebol e os interesses económicos que movimenta levaram à instalação de uma teia de compadrio, lavagem de imagem e interesses particulares e políticos que se instalou no dirigismo do futebol, clubes, Federação e Liga. Esta situação tem rostos e nomes, mas, como temos visto, não acontece nada a propósito de nada, há muito tempo. Temos uma imprensa desportiva e generalista subserviente e agradecida à protecção das “fontes privilegiadas” e contactos “certos” e temos, temos tido sempre, um poder político que se serve do futebol para almofada e para operações de duvidoso interesse mas que parecem agradar ao povo, veja-se a enormidade de gastos inúteis com os dez estádios do Euro 2004.
O que se passa em torno de algo normalíssimo, a rivalidade entre clubes de futebol, assume contornos cada vez mais graves com declarações absolutamente irresponsáveis e criminosas dos responsáveis clubistas. Ataques a espaços dos clubes, vandalismo na estrada, ataques e insultos a pessoas são a regra. Quando, esperemos que não, algo de mais grave suceder, o caso de ontem no Egipto é um pesadíssimo exemplo, virão todos com a hipocrisia do costume livrar-se de responsabilidades e assumir o papel de vítimas. Triste espectáculo.
Em nota final, felizmente ou infelizmente, acho que a maioria das pessoas que como eu têm a paixão do futebol e estão conscientes de tudo isto, de tudo isto se esquecem sempre que a sua equipa marca um golo.
Provavelmente reside aí, ainda, a magia do futebol.
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