quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A NEGLIGÊNCIA MATA

Começou a escrever-se o epílogo formal da trágica morte de uma criança, em 2009, numa piscina ilegal de uma creche ilegal. Os acidentes graves com crianças em piscinas são demasiado frequentes, neste caso acresceu a situação de ilegalidade de um equipamento que recebia crianças. A proprietária foi agora acusada pelo Ministério Público de homicídio por negligência. A questão, óbvia, é que uma tragédia desta dimensão não tem epílogo na sua dimensão humana e afectiva.
Continuamos a ser um dos países europeus em que as crianças mais são vítimas de acidentes domésticos. Nas mais das vezes verifica-se alguma negligência ou excesso de confiança da nossa parte, adultos, na vigilância dos miúdos.
O que me parece importante sublinhar é que num tempo em que os discursos e as práticas sobre a protecção da criança estão sempre presentes também se verifica um número altíssimo de acidentes mortais o que parece paradoxal. Por um lado, protegemos as crianças de forma que, do meu ponto de vista, me parece excessiva e por outro lado e em muitas circunstâncias, adoptamos atitudes e comportamentos altamente negligentes e facilitadoras de acidentes que com a inexperiência e à vontade próprias dos mais pequenos podem ter consequências trágicas.
A culpa que alguém pode carregar depois de uma episódio desta natureza será, creio, suficientemente forte para que deixemos de lado o aspecto da culpabilização embora neste caso sejam de apurar, obviamente, responsabilidades sobre a existência da creche ilegal, mais uma. Este apuramento deveria incidir sobre os responsáveis ou proprietários do equipamento mas também sobre as falhas de fiscalização.
Como sempre nestas matérias, a segurança dos mais novos, não dá para pensar que só acontece aos outros.
De vez em quando o céu desaba para cima de nós.

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