terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A DEMOCRATIZAÇÃO DA TOLERÂNCIA

A tolerância é um bem precioso na vida das comunidades e uma das dimensões mais importantes da democracia. A luta pela democracia tem sido a luta pela tolerância.
É sempre um processo em aberto, tomando, cito Camões, novas qualidades. Agora discutimos a tolerância de ponto. O Governo numa intolerante decisão decidiu não conceder tolerância de ponto na terça feira de Carnaval aos funcionários da administração pública. O argumento, como vai sendo habitual, radica na produtividade o que traduz o equívoco de que a produtividade é exclusivamente consequência de mais trabalho e não de melhor trabalho.
Por outro lado, em muitos sectores levantou-se uma intolerante contestação à decisão do Governo. A argumentação radica nos direitos adquiridos, no “timing” da decisão e nos eventuais impactos económicos em regiões onde existe a indústria do Carnaval.
Como o povo costuma dizer, “Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”, nem tolerância acrescento eu. Numa outra abordagem, mais tolerante, poderíamos dizer que todos têm razão.
Acontece que, como era de prever, a tolerância é algo a que uns acedem outros não. O sector privado, boa parte dele, vai beneficiar da tolerância, está nos regulamentos e temos os supra-citados direitos adquiridos. Na administração surgem também excepções. Alberto João com a tolerância que o caracteriza já decidiu que na Madeira há tolerância, algo que ele nem precisava de dizer, nós conhecemos a tolerância existente na Pérola da Atlântico. Ao que se começa a saber também várias autarquias já decidiram ou vão decidir pela existência da tolerância.
Este processo, ele próprio já inscrito, na época carnavalesca é elucidativo. A tolerância não é para todos, é um bem precioso mas de difícil administração, até a tolerância de ponto.

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