segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SÃO OS LOUCOS DE LISBOA

São os loucos de Lisboa, que nos fazem duvidar ... diz o poema de João Gil.
A história de José, o homem que tem plantado diariamente uma flor no Metro e que hoje anuncia no Público a sua saída da clandestinidade e a intenção de alargar, sem limites, a sua inquietação com o amor, sempre me recorda uma outra figura de Lisboa, o senhor João Serra, o Senhor do Adeus ou, como ele preferia, o Senhor do Olá e que partiu há cerca de um ano.
O Senhor do Adeus não gostava da solidão e, por isso, num tempo em que se dá pouco, João Serra dava, coisa pouca dir-se-á, um sorriso e um adeus a quem passava, sobretudo no Saldanha à noite, todos as noites. Com bom ou com mau tempo, porque a solidão não tem descanso.
Dar qualquer coisa já não parece muito saudável, dar afecto e simpatia é loucura, certamente.
Parece ser também a narrativa do José, a partir da solidão começou a plantar flores no Metro que alimentam a ideia de fazer crescer relações. Claro que espalhar flores no Metro é coisa de loucos ou de românticos, que nós saudáveis e normais achamos bizarro, fora do tempo. Mas José, diz, quer ir mais longe, pretende criar “uma corrente a nível mundial” para espalhar o amor, coisa pouca e irrelevante, mesmo de loucos ou de românticos. Creio, no entanto que, apesar dos discursos, sentimos uma ponta de inveja pela coragem.
Fazem falta, os loucos de Lisboa.
Que nos fazem duvidar.
Obrigado José.
Obrigado João Serra.

3 comentários:

Irene ri disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Irene ri disse...

O Sr João Serra não gostava da solidão, não. O João Serra sentia-se tão desamparado que não conseguia passar as noites sozinho e, para sobreviver, ia para a rua dar e receber calor. Confessava, a quem o quisesse ouvir, que a sua solidão era insuportável. O Sr João Serra nunca gostou da sua solidão.

Zé Morgado disse...

Filipa, trata-se obviamente de um lapso (dos que não podem acontecer) no meu texto. O Sr. João Serra NÃO gostava da solidão. Obrigado por me ajudado a corrigir.