Desde sempre que a produção artística, seja em que área for, desencadeia reacções de natureza diferente, gosta-se, suporta-se, ama-se ou odeia-se. Nada de novo, sempre assim foi, sempre assim será.
Raras são as obras e os autores que, como diria Camões, se libertam da lei da morte e atingem a unanimidade. Talvez Camões seja mesmo um bom exemplo disso mesmo.
Vem esta introdução a propósito da reportagem do Público sobre o trabalho artístico de Cabrita Reis no paredão e muros de suporte da Barragem da Bemposta no Douro Internacional. A obra em tons de amarelo desperta, evidentemente, variadas apreciações que vão do extremo negativo ao extremo positivo.
Não vale a pena a discussão em torno do valor artístico e da valorização estética da obra, cada cabeça sua sentença, como diz o povo. A questão é de outra natureza e que a reportagem também foca, o contexto paisagístico em que está inserida.
A barragem foi construída em zona de paisagem protegida do Douro Internacional. Ceio que a definição de uma determinada região como paisagem protegida, significa isso mesmo, proteger a paisagem. Não que ela fique imutável, o homem não resiste facilmente, mas que seja protegida no sentido de manter a suas características distintivas e que são, obviamente, a razão da sua protecção.
Ao observarmos as fotografias da Barragem que estão acessíveis, parece claro que aquele amarelo será um manifesto erro de "casting", não porque seja feio ou bonito, apenas porque não é dali.
E não sendo dali, não devia estar lá. Para proteger a paisagem
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