Este episódio da troca de mimos entre o "sempre-em-pé" Santana Lopes e Fernando Rosas, durante um debate televisivo, é apenas um pequeno e irrelevante exemplo da "overdose" da chamada "análise política" que diariamente nos é servida.
Quando era miúdo, na escola, usava-se muito a expressão "procurar o sumo", no sentido de encontrar o essencial nos textos que nos eram dados a ler e a interpretar. Os professores bem insistiam connosco para nos tornarmos mais competentes na separação entre o essencial e o acessório ou, no jargão da escola, identificar as ideias principais do texto.
Actualmente, uma das críticas que recorrentemente se faz ao trabalho dos nossos alunos continua a ser a sua falta de competência na interpretação dos materiais que lêem.
Como é natural temos que trabalhar todos para que essas competências evoluam.
A grande questão é que o ambiente em que vivemos tem, do meu ponto de vista, vindo a dificultar progressivamente este trabalho de encontrar o essencial, o sumo.
Boa parte dos discursos políticos dirigem-se para questões completamente acessórias, de baixa política e marginais aos conteúdos que, de facto, precisam de reflexão e análise.
As supostas análises não passam, nas mais das vezes, de exercícios de propaganda dos interesses partidários ou de outras corporações.
De vez em quando, a coisa é animada por algum incidente mais crispado que compõe a espuma dos dias e que alimenta uns comentários como este que subscrevo, para além de uma volumosa abordagem on-line.
Entretanto, do lado de fora desta importante actividade, o comentário político, sobrevivem 2,7 milhões de portugueses em risco de pobreza e exclusão. Quase que aposto que boa parte deles nem se deu conta da importante troca de mimos entre Santana Lopes e Fernando Rosas.
Política de plástico.
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