O Primeiro-ministro, em extensa entrevista ao Sol que a restante imprensa também cita, afirma, "Já estamos pobres. Alguns é que não deram conta disso". No actual contexto parece-me claro o sentido da afirmação de Passos Coelho. No entanto, exactamente pelas mesmas razões, o contexto que atravessamos, esperava do Primeiro-ministro uma maior referência e atenção aos que "estão pobres e já se deram conta disso", são muitos e com muitas dificuldades.
Para refrescar a nossa memória alguma informação divulgada nos últimos tempos. O Instituto de Segurança Social está sem dinheiro para atribuir subsídios eventuais a pessoas em situação de grave carência. Este tipo de apoio pode ser disponibilizado a quem tem um rendimento per capita inferior ao valor da pensão social, 189,52 euros.
Há poucos dias, de acordo com o IEFP, soubemos que o número de casais em que ambos estão desempregados subiu em Dezembro 9,9 % e durante 2011 a subida foi de 49,9% o que é verdadeiramente significativo e preocupante.
Sabe-se também que é crescente o número de desempregados que não auferem subsídio de desemprego e que se estima em perto de meio milhão. Este número estará em crescimento pois começa a esgotar-se o período em que se usufrui de subsídio, entretanto encurtado, envolvendo as pessoas que caíram no desemprego a partir de 2009, o ano em que os aspectos mais gravosos da crise nos começaram a atingir. Acresce que os valores médios de subsídio de desemprego também estão a baixar.
Há tempos foram divulgados alguns dados referindo que cerca de 200 000 pessoas já terão desistido de procurar emprego, já não constam dos números do desemprego, e calcula-se que 84% dos jovens com menos de 25 anos estão desempregados e não têm subsídio.
É Senhor Primeiro Ministro, estas pessoas, muitas delas, estão a viver situações de pobreza e, dramaticamente, dão conta disso.
A União Europeia, em relatório recente, já afirmou que as medidas de austeridade tomadas em Portugal acentuam as assimetrias sociais e as medidas de austeridade são da responsabilidade das lideranças políticas.
Como afirmo frequentemente, a liderança que transforma é uma liderança com responsabilidade social e com sentido ético, dimensão em desuso nos tempos que correm. Não é raro assistir a discursos e afirmações que revelam uma insultuosa insensibilidade face às dificuldades das famílias.
2 comentários:
tens muito texto, devias pôr mais bonecos ou uma foto do CR7 para disfarçar.
cumps.
P.s: o portuga ( não todos, claro ), é muito preguiçoso e há muita gente no IEFP/SS que não é sequer portuguesa. É hora de fechar as fronteiras, portugal é dos portugueses, não dos africanos.
O Sr. Passos Coelho parece ser especialmente bom e mestre nisto mesmo: afirmações tristes, insensíveis e completamente fora da realidade do País... É uma tristeza q a(s) mais importante(s) figura(s) política(s) continuamente nos mostre(m) isso mesmo....
há um descontentamento e uma inquietude imensas.... :(
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