segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

(IN)SEGURANÇA

Na primeira página do Público de ontem o título principal era, "Pedidos de licença de uso e porte de arma sobem 20% em 2011". Na primeira página do DN de hoje o destaque é, "Noventa roubos a casas e carros por dia em Lisboa e Porto". Na primeira página do I de hoje também como grande título lê-se, "Passos Coelho tem segurança reforçada há um mês". Relembro que há poucos dias também Cavaco Silva cancelou uma visita a uma escola por alegados e não confirmados riscos de insegurança, no caso, uma manifestação de alunos.
Estas três referências de primeira página a questões de segurança, colocadas de seguida em grande destaque em jornais considerados de referência, indiciam um sério sinal de um clima que de mansinho pode estar a instalar-se entre nós e que poderá ter efeitos devastadores.
Não é estranho que o mundo de dificuldades que em Portugal muitos milhares de pessoas atravessam, possa sustentar um aumento exponencial da delinquência como a peça do DN sublinha relativamente ao ano de 2011. As dificuldades progressivas em encontrar rendimentos que garantam o sustento, mesmo na chamada economia paralela. poderão induzir em muitas pessoas comportamentos que, em escalada, minarão a coesão social e a percepção de segurança, bases imprescindíveis na nossa vida diária.
A questão é como nós comunidade lidamos com estas questões.
Clamarão uns pelo aumento da repressão e punição por parte das autoridades policiais em contenção de recursos, em efervescência interna, e por parte de um sistema de justiça ineficaz e lento que alimenta a ideia de impunidade.
Maior atenção às desigualdades e exclusão decorrentes das medidas de austeridade e da crise, dirão outros, defendendo políticas preventivas e mais eficazes nos apoios sociais.
Maior exigência nas decisões, comportamentos, discursos das lideranças e no funcionamento do estado, de modo a não alimentar a ideia, ajustada, de uma repartição desigual de sacrifícios e dificuldades, referirão ainda outros.
Não existem, evidentemente, abordagens e soluções milagrosas, mas creio que estas questões merecem uma muito inquieta atenção.

1 comentário:

anónimo paz disse...

A insegurança que eu sinto, que sou um cidadão comum, não é de forma nenhuma semelhante à que os responsáveis pela governação deste massacrado Povo sente.
Os meus medos estão direccionados à criminalidade social que é exponencial em tempos de crise. E não tenho segurança pessoal.
Os medos dos políticos governantes estão orientados para a contestação dos cidadãos a quem tiraram dignidade e acrescentaram fome.

Contudo, é esse mesmo povo que paga a quem os protege.


saudações