sábado, 21 de janeiro de 2012

PASSOS COELHO E CAVACO SILVA, A CONTRADIÇÃO

Passos Coelho afirmou hoje ter razões para estar optimista quanto à capacidade de Portugal vencer as dificuldades que enfrenta.
Depois de já ter afirmado que o caminho é empobrecer e que as pessoas devem sair da sua “zona de conforto” e procurar o futuro fora do país, vem agora revelar o seu optimismo e confiança no futuro.
Sou dos que entendo que as lideranças devem produzir discursos optimistas sem, evidentemente, resvalar para o irrealismo ou a demagogia que, frequentemente, caracterizam os discursos políticos que parecem assentar no princípio de que “a realidade está errada, eu é que estou certo”.
No entanto, não posso deixar de registar a profunda contradição entre as declarações de Passos Coelho e as do Presidente da República em matéria de optimismo.
Se bem estamos recordados, foi ontem, Cavaco Silva afirmou que as “suas reformas não vão chegar para pagar as despesas”. Se recordarmos que estas reformas não deverão ser inferiores a 10 000 €, a afirmação do Presidente é do mais profundo pessimismo.
O cidadão comum que todos os dias vê encurtar o seu orçamento, o desempregado que vê diminuir a possibilidade de recuperar o trabalho e o apoio social, os reformados e pensionistas com baixíssimos rendimentos, os jovens sem trabalho, etc. vão sentir o quê?

6 comentários:

Diogo Lopes disse...

Impressionante. Ate nestes momentos dificeis tentam deitar abaixo quem nos tenta tirar do buraco. So porque nao sao pessoas da sua cor politica. Vergonhoso.

Luis disse...

Caro Diogo,

Sei que isto lhe vai parecer estranho mas a cabeça não é só para usar chapéu. Uma coisa seria ter rebatido o texto argumentando fosse lá o que fosse. Se o texto é mau, e a razão lhe assiste não será decerto difícil de o justificar.

Outra porém é simplesmente partir para o insulto velado, enveredando por um simples clubismo: sabe, as pessoas são humanas e por vezes cometem erros. Aliás, na politica Portuguesa seria bem melhor se muitos politicos tivessem humildade de reconhecer os erros e de os emendar a tempo do que por simples orgulho persistirem na asneira. E se isso acontece, acredite em grande parte deve-se a pessoas como o senhor que vá-se lá entender porquê acham que tudo aquilo que uns dizem e fazem está certissimo.

Como lhe disse de início a cabeça não é só para usar chapéu.

Sabe o mais engraçado disto tudo? Há um ano atrás não havia quem faltasse que dissesse precisamente a mesma coisa do Sócrates, e antes disso do Santana Lopes, e antes disso...

anónimo paz disse...

Senhor Doutor Luis

Por defeito meu, sempre que lia comentários seus aos textos deste excelente blog, não sei porquê , colocava-o em uma qualquer aula leccionando uma qualquer disciplina, fosse do Ensino Básico, Secundário ou Superior. Peço-lhe fortíssimas desculpas por este meu pressuposto.
Quero acrescentar que considero o professorado uma das mais nobres profissões.

Afinal o Senhor cursou e pelos vistos exerce a advocacia.

Os meus sinceros votos de muitas causas vencidas nas barras dos tribunais.


saudações

anónimo paz disse...

Post-Scriptum

Também estou em profundo desacordo com o comentário do Senhor Diogo Lopes. Mas não sou advogado de defesa nem tão-pouco de acusação...


saudações

Luis disse...

Caro anónimo paz,

Fico bastante lisonjeado com o seu comentário. Efectivamente, poucas coisas me agradam mais do que uma discussão com quem discorda de mim de momento que fundamentado. Mesmo quando a razão me assiste, aprendo sempre qualquer coisa, e mais ainda quando estou errado.

Porém o Sr. Diogo Lopes não veio para aqui discutir fosse o que fosse. Não expôs qualquer ideia, nem sequer apontou aquilo com que não concordava; partiu logo para o insulto gratuito.

Rosseau dizia que os insultos são os argumentos daqueles a quem a razão não assiste, acho que isto diz tudo.

Sr. Diogo Lopes se não entendeu a citação acima terei todo o gosto em lha explicar mais devagar.

Zé Morgado disse...

Caro Diogo Lopes,Parece claro que a questão não tem a ver com a cor política, tem a ver com ética, dignidade e respeito por quem tem de sobreviver com muito muito menos. Aqui para nós, que ninguém ouve, acha normal que num país como o nosso, uma pessoa de elevada responsabilidade possa dizer que 10 000€ "não lhe dão para as despesas"? Se achar, tudo bem, percebo o seu comentário. Se achar que a afirmação é descabida, vai entender o meu texto.