O Governo decidiu encerrar os Centros Novas Oportunidades afectos ao IEFP, o que leva à não renovação do contrato de trabalho de cerca de mil pessoas, entre técnicos e formadores.
Como já muitas vezes aqui referi, o Programa Novas Oportunidades, ainda sem esta designação, teve na sua génese o meritório princípio de certificar e validar competências que pessoas que abandonaram a escola muito cedo foram conseguindo através do exercício profissional.
Posteriormente, por decisão política, caiu-se no enorme equívoco de confundir certificar com qualificar e os, entretanto criados CNOs, foram altamente pressionados para produzir diplomados que compusessem as estatísticas que nos colocavam no fundo da baixa qualificação. Deve, no entanto sublinhar-se que, apesar deste quadro político, boas experiências e práticas foram desenvolvidas em muitos dos Centros e com muitos beneficiários que, não pode ignorar-se, coexistiram com situações inenarráveis e quase anedóticas de "qualificação escolar".
O Ministro Nuno Crato anunciou logo de início a intenção, ajustada do meu ponto de vista, de proceder à avaliação do Programa Novas Oportunidades, avaliação essa que está em curso e de que ainda não se conhecem resultados a não ser o encerramento, por decisão própria de seis Centros e de outros catorze por não cumprirem metas (quais metas?).
Parece, assim, algo estranha a decisão de encerramento lançando no desemprego mais mil pessoas. Não se conhecem os resultados da avaliação, reconhece-se a necessidade de qualificação, mas encerram-se os Centros.
O argumentário de que fecha-se porque não há dinheiro, pode entender-se mas não tem que aceitar-se, na medida em que a qualificação das pessoas é um investimento com retorno e, também nesta matéria, sem avaliação conhecida, a política educativa não pode ser um mero exercício de contabilidade. No entanto, contas parece ser a especialidade do Ministro. Vamos a ver se o resultado dá certo, mesmo com velhinha prova dos nove.
3 comentários:
Esta semana uma pessoa disse-me que já tinha feito 2 trabalhos para terceiros se certificarem em CNO`s com o 9º ano e estava a fazer um trabalho para a certificação de 12º ano de outra. Diga-me: é assim que nos tornamos um país mais moderno e competitivo? Não é preciso vir a troika explicar como se faz formação profissional séria e com qualidade.
Olá Rui, aqui estamos absolutamente de acordo. Se passear pelo blogue verá como me referi muitas vezes a esta questão como um embuste, assente no enorme equívoco de confundir certificar com qualificar para martelar estatísticas.
Uma nota de que me esqueci. O meu texto de hoje dirigia-se mais ao encerramento sem que publicamente a avaliaçãoa do que foi feito no Programa NO seja conhecida (coisas como as que você relatou e que todos conhecemos). Do meu ponto de vista, uma avaliação que evidenciasse o que de facto se faz, é que deveria ser a base da decisão de encerramento. Assim parece, como eu disse, mais um exercício de contabilidade, fecha-se, poupa-se e ... mais nada
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