A referência no Público ao trabalho de Cristina Ponte, da Universidade Nova de Lisboa, no âmbito do Projecto EU Kids Online sobre a relação das crianças adolescentes com as novas tecnologias, sugere-me algumas notas já aqui abordadas mas que a minha experiência com crianças e pais justificam como oportunas e centradas, sobretudo, no acompanhamento dos pais.
Um estudo do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa há algum tempo divulgado sobre a utilização da net por parte de crianças e adolescentes, entre os mais novos, dos 8 aos 10 anos, 35.7% afirma que utilizam a net em casa sem regras estabelecidas, sendo que 42% também refere que não têm controlo dos pais sobre páginas consultadas e correio electrónico. São também conhecidos estudos que sugerem uma estadia média diária em frente a um ecrã de cerca de 4h para as crianças portuguesas, número que sobe ao fim de semana.
Estes dados, apesar de não surpreendentes, são preocupantes. Muitas vezes já aqui tenho referido como o ecrã, qualquer ecrã, é hoje a “baby-sitter” de muitíssimas das nossas crianças e adolescentes que neles, ecrãs, passam um tempo enorme “fechados”, às vezes "acompanhados" de outros miúdos tão abandonados quanto eles. Como também sabemos, parte importante desse tempo é passado só, facilitando a falta de controlo sobre a utilização do ecrã, neste caso a net. A situação é ainda agravada pelo facto de em muitas das nossas famílias se verificar alguma iliteracia informática que também complica a possibilidade dos pais aceder e dominar a utilização dos recursos informáticos. Neste quadro, importa que o acesso e domínio destes meios seja estimulado juntos dos pais, que os programas de net segura, sejam reforçados, e que pelas vias da educação a tempo inteiro (não confundir com escola a tempo inteiro) e de mudanças na organização do trabalho, se diminua o tempo que as crianças e adolescentes passam, sós, ligados a um ecrã.
Considerando as implicações e nos sérios riscos presentes na vida diária, importa que se reflicta sobre a atenção e ajuda, em informação e na forma de lidar com os riscos, destinada aos pais para que a utilização imprescindível seja regulada e protectora da qualidade de vida das crianças e adolescentes.
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