De forma regular a imprensa tem noticiado a morte de gente, quase sempre idosa, sem que alguém se dê conta de tal tragédia. No Público de hoje refere-se que em Lisboa, desde o início do ano já se verificaram 10 casos de idosos encontrados mortos em casa. Em 2011 registaram-se 79 casos e em 2009 verificaram-se 60.
Não sou, não quero ser, especialista nestas matérias mas creio que muitas destas pessoas morrem de sozinhismo, a doença que ataca os que vivem sós e perderam o amparo. Algumas pessoas terão morrido de solidão e não de outras causas que possam vir a figurar nas certidões.
Quem não vive só mais facilmente resiste às mazelas que a idade traz quase sempre. As pessoas são, espera-se, fonte de saúde e calor. E este universo, as pessoas velhas que vivem só e em isolamento tende a alargar-se conforme os dados do Censo confirmam. Em Lisboa, segundo alguns trabalhos estima-se uma "realidade de total isolamento diário para 59 por cento da população que reside sozinha, evidenciando um risco de solidão”.
Esta é que é verdadeiramente a causa de morte de muitos idosos. Por isso e como sempre, para além das necessárias políticas sociais emergentes do estado e das instituições privadas de solidariedade impõe-se a percepção pelas comunidades, designadamente pelas famílias, do drama da solidão e isolamento. Os dados recolhidos e, portanto, conhecidos devem servir de base a políticas ajustadas à realidade.
Neste âmbito ganha um sentido profundo o Projecto Mais Proximidade Melhor Vida, do Centro Social e Paroquial de São Nicolau, em Lisboa, ou outras acções do mesmo género. Esta iniciativa visa ajudar e apoiar idosos que vivem só, frequentemente em andares elevados e com sérios problemas de mobilidade. Como se perspectivava há alguns dias num trabalho na imprensa, um dos efeitos dos tempos difíceis que atravessamos poderia ser a alteração dos estilos de vida com o incremento das relações de vizinhança e de natureza comunitária. Pode ser que este caminho contribua para que menos gente morra de sozinhismo.
É também uma questão de redes sociais, mas não das virtuais.
1 comentário:
Parabéns pelo tema so Sozinhismo. Muito triste morrer dessa doença... há redes sociais super sofisticadas, mas são virtuais.
Parabéns também pelos temas que desenvolve no seu blog!
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