Era uma vez um Homem muito esperto e empreendedor, palavra que agora se utiliza, para definir quem tem jeito para inventar e realizar negócios.
O Homem, com a experiência que a vida lhe ia emprestando, não se deve dar nada, defendia ele, foi percebendo que as pessoas, a maior parte das pessoas, de todas as idades e condições, não se dava bem com a Culpa, as Culpas, ou seja, sentiam-se incomodadas e desconfortáveis ao lidarem com a sensação de que se sentiam culpadas por algo, de maior ou menor gravidade ou importância.
Como é sabido pelos empreendedores, as boas iniciativas são as que vão ao encontro das necessidades das pessoas, têm o sucesso garantido. Às vezes, o próprio negócio consiste mesmo em criar a necessidade e, posteriormente, providenciar a resposta a essa necessidade.
O Homem começou a pensar como poderia aproveitar a necessidade das pessoas se livrarem da Culpa e transformar isso, com agora se diz, numa janela de oportunidade, isto é, de negócio.
Depois de muito pensar ocorreu-lhe uma ideia que parecia poder ser bem sucedida.
Montou uma empresa de transformação de Culpas. Transformava-as em Desculpas algo absolutamente imprescindível para quem sente culpa. A pessoa surgia com a sua Culpa, ou Culpas, e conforme a sua dimensão e importância o Homem transformava essa Culpa em Desculpa e as pessoas sentiam-se muito aliviadas como é bom de perceber.
Escusado será dizer que o negócio do Homem foi um êxito estrondoso, acorria gente sem fim para se livrar das Culpas e voltar mais tranquilo e sereno com boas Desculpas.
E assim foi continuando até as pessoas começarem a sentir-se culpadas por terem tantas e tão boas Desculpas.
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