quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DOÇURA E AMARGURA

Pois é, mudam-se os tempos mudam-se as vontades. Durante muitos anos "pãozinho sem sal" era algo de negativo, ninguém queria ser um "pãozinho sem sal". Então quando era uma rapariga a achar que éramos um "pãozinho sem sal", a auto-estima ficava de rastos. De há uns tempos para cá, com o abaixamento do teor de sal no pão, "pãozinho sem sal" poderá tornar-se elogio, significará certamente alguém de saudável, com bom senso e com o "tempero" adequado. Para muitos virá tarde a mudança.
Hoje noticia-se uma petição no sentido de retirar o açúcar da nossa vida, baixar a quantidade de açúcar fornecida nas saquetas. Ao que parece, a própria indústria tem vindo a baixar a quantidade, não sei se por preocupação com a saúde pública se com o eventual benefício económico. Devo confessar que fiquei um pouco preocupado. A nossa vida tem vindo a ficar tão amarga e ainda lhe querem tirar doçura.
Mais a sério, a regulamentação de matérias que impliquem comportamentos no chamado estilo de vida, consumo de álcool e tabaco são bons exemplos, despertam sempre alguma reactividade e alguns discursos que referem o excesso de intromissão em áreas que consideram do foro das liberdades individuais. Entendo os discursos mas compreendo e aceito que comportamentos que se transformam em grandes problemas de saúde pública possam ser objecto de regulação sem ferir os direitos e liberdades individuais.
Os dados da generalidade dos estudos evidenciam o excesso de consumo de sal e açúcar o que é, evidentemente, algo que merece atenção.
Tal quadro, a par de outras situações decorrentes dos hábitos alimentares, lembro por exemplo a prevalência altíssima de casos de diabetes tipo II entre os mais novos, pode configurar um problema sério em termos de saúde pública e de como a obesidade atinge camadas significativas, até aos 18 anos, 30% dos indivíduos estão situação de pré-obesidade e obesidade, na população adulta atinge 50% dos homens e 30% das mulheres.
Parece-me pois necessário que nos espaços educativos, familiar e escolar, se reforcem a informação e algumas iniciativas que possam contribuir para que este tipo de problemas de alguma forma se minimizem.
Continuo a pensar que este tipo de precauções e discursos não fere os direitos individuais nem espelha qualquer atitude fundamentalista. Trata-se sobretudo de proteger e promover a qualidade de vida colectiva.

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