Era uma vez um miúdo do tipo "Sei lá", como lhe chamavam. Era por assim dizer, um miúdo parecido com outros miúdos da idade dele, também assim do tipo "sei lá", como lhe chamavam. Fazia uns disparates típicos da idade que tem, respondia por vezes de forma insolente, chateava os professores, era assim tipo "sei lá", como lhe chamavam.
Com os pais a coisa não corria muito bem. Era avesso a regras, nunca estava de acordo com o que quer que fosse, protestava com tudo e mais alguma coisa, era assim, sei lá, como lhe chamavam.
Como não é de estranhar andava sempre de telemóvel na mão, fones nas orelhas com a música bem alta, com um boné enfiado na cabeça e um blusão com capuz, ficava assim com um ar do tipo "sei lá", como lhe chamavam.
Na escola, onde passava imensas horas, era muito conhecido, arranjava problemas nas aulas, volta e meia estava na rua, pegava-se com os colegas, sobretudo com os mais arrumados, respondia de forma inadequada, não parecia respeitar ninguém, raramente realizava os trabalhos de casa, não estava atento nas aulas a não ser aos disparates que se lembra de fazer e que viram a turma do avesso, poucas vezes traz o material necessário, enfim é aquele género de miúdos que nos dão cabo da paciência, assim do tipo "sei lá", um monte de problemas, como lhe chamavam.
Para complicar, o miúdo do tipo "sei lá" tinha como amigos um grupo de colegas exactamente como ele, todos do tipo "sei lá", como lhes chamavam.
As pessoas tinham uma grande dificuldade em perceber porque havia tantos miúdos assim, do tipo "sei lá", como lhes chamavam. Era assim uma dificuldade do tipo "sei lá".
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