domingo, 26 de dezembro de 2010

AS CRIANÇAS ABANDONADAS, REJEITADAS E ADOPTADAS

O JN refere num trabalho interessante e fora do espírito natalício de plástico que nos cai em cima, com crise ou sem ela, que este ano pelo menos 40 bebés foram abandonados nas maternidades. De acordo com dados provisórios recolhidos pelo jornal, 20 bebés foram mesmo abandonados e os outros dados para adopção por falta de condições ou por vontade das mães. Deixando de lado as dificuldades e morosidade que os processos de adopção ainda revelam apesar de algumas alterações introduzidas, algumas notas sobre estas questões, as crianças abandonadas, rejeitadas e adoptadas.
Existe uma outra realidade, menos perceptível em termos globais, mas conhecida por aqueles que lidam de mais perto com as crianças e que remete para a quantidade enorme de situações de crianças abandonadas e rejeitadas dentro das famílias, algumas destas famílias até com um funcionamento aparentemente normal.
Pode parecer estranha esta abordagem, mas muitas crianças vivem em famílias, vários tipos de família, que, por variadíssimas razões as não desejam, as não amam, apenas as toleram, cuidam, pior ou melhor, sobretudo nos aspectos "logísticos". Em alguns casos, são mesmo crianças a que "não falta nada", dizem-nos. Na verdade falta-lhes o essencial, um colo de uma família.
Quando penso nestas situações lembro-me sempre de uma expressão que ouvi já há algum tempo a Laborinho Lúcio num dos encontros que tenho tido o privilégio de manter com ele.
Dizia Laborinho Lúcio que "só as crianças adoptadas são felizes, felizmente a maioria das crianças são adoptadas pelos seus pais”. Na verdade, muitas crianças não chegam a ser adoptadas pelos seus pais, crescem sós e abandonadas.
Existem mais crianças a viver narrativas desta natureza, abandonadas e ou rejeitadas dentro da família, do que se pode imaginar.

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