Num dia cabaneiro, favorável a ficar na cabana com leitura e música, constato através do Público que um ex-deputado do PS apresenta uma ideia em forma de petição para constituir uma Unidade de Combate às Intempéries na Guarda o que só pode ser uma ideia bem imaginada num dia invernoso.
Como é evidente, as situações climáticas mais extremas causam sempre danos e, por vezes, tragédias mas as pessoas sabem que os frios que trazem neve e geadas são imprescindíveis para garantir boas produções e qualidade na natureza nos meses de Primavera e Verão. Pela mesma razão, apesar dos inconvenientes das cheias, as pessoas que vivem no Ribatejo, por exemplo, sabem como as cheias no Tejo são importantes para a qualidade dos solos e sempre conviveram naturalmente com a subida do Tejo, a cheia normal, por assim dizer. No fundo, é a mesma naturalidade com que as pessoas da Guarda e de Trás-os-Montes não se queixam do frio e afirmam a sua necessidade nas patéticas reportagens que as televisões fazem logo que a temperatura baixa um pouco mais. Curiosamente, as reportagens são iguais quando no Verão se dirigem ao Alentejo para saber se as pessoas têm calor. As pessoas, como é evidente, dizem que têm calor mas o tempo por aquelas banda é mesmo assim o que obriga os desgraçados repórteres a uma verdadeira ginástica imaginativa para ter o calor de Verão no Alentejo como motivo de reportagem. Ainda no meu Alentejo, lembro-me de uma vez me estar a queixar da muita chuva que caía já há uns dias e o Velho Marrafa com a sabedoria do costume dizer, "não tem dúvida, se a água cair agora, vamos tê-la no Verão". Como é evidente, também podem ocorrer episódios mais violentos que trazem prejuízos e danos, às vezes pessoais, o que é naturalmente grave, o que exige meios e recursos de apoio.
Em todo o caso, estamos no Inverno. Será que nos desabituámos de viver um Inverno?
Uma Unidade de Combate às Intempéries para a Guarda, leva-me a imaginar uma Unidade de Combate às Intempéries no Alentejo, outra em Trás-os-Montes, outra nos Açores, etc., etc., até, finalmente instituir uma Unidade de Combate ao Disparate bem mais necessária no tempo que corre.
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