terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A CONFLITUALIDADE NA EDUCAÇÃO

Não há mesmo volta a dar. O sistema educativo português parece condenado a uma dimensão de conflitualidade e instabilidade que lhe retiram serenidade e eficácia.
O ME bem se tem esforçado nos últimos tempos para introduzir e alimentar esta conflitualidade e instabilidade com medidas que, apesar de se assumirem, algumas com objectivos importantes e de necessária mudança, são muitas vezes incompetentes e obedecem a critérios dificilmente sustentáveis do ponto de vista da qualidade e equidade do sistema público de educação. Como exemplos pode citar-se todo o processo relativo à avaliação de professores, o processo dos mega agrupamentos e a direcção das escolas e agrupamento ou os avanços e recuos no processo de revisão curricular com o episódio recente do Primeiro-ministro anunciar no Parlamento o reforço obrigatório do ensino da Matemática no âmbito do Estudo Acompanhado que um projecto do ME em apreciação no Conselho Nacional de Educação se propõe extinguir. É uma deriva absolutamente desestabilizadora.
Por outro lado, numa atitude reactiva, mas também inscrita na profunda luta política em que a educação se transformou em Portugal, todos os parceiros envolvidos se acotovelam na defesa dos interesses que representam e que, frequentemente, são de natureza corporativa, profissional e, lamentavelmente, acabam por ser parte do problema e não parte da solução.
Não sou apologista de falsos consensos, a chamada paz podre, conseguida a todo o preço. A conflitualidade em educação, como noutras áreas, é, pode ser, um factor de desenvolvimento e crescimento.
Para isso, é preciso que se tornem claros os interesses em conflito e que, sobretudo, se perceba que os miúdos estão nas escolas e exigem que lhes proporcionem contextos educativos serenos e de qualidade.

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