Pois é, a conversa nesta altura deveria ser sobre o Natal, a Consoada como também lhe chamamos. Deveríamos estar atentos à compra da quantidade enorme de presentes que despejamos com afecto por cima de familiares e amigos, sobretudo sobre as crianças.
Ao que parece, dizem-nos que estamos a movimentar mais dinheiro que o ano passado na mesma altura. Não será de estranhar, o espírito natalício é tão forte que até à crise resiste.
A questão é que, estranhamente e certamente para estragar o espírito natalício, existe meio milhão de portugueses a viver com menos de 475 € por mês, umas centenas de milhar com subsídios de desemprego e outros milhares nem isso têm, quando se sabe que vários bens essenciais vão aumentar mais do que a inflação em 2011.
A questão é que segundo o Tribunal de Contas, em 2009 o plano anti-crise custou cerca de 2,25 mil milhões sendo que 61% desta verba foi para ajuda à banca e apenas 1% se destinou ao trabalho.
A questão é que em 2010 um salário de topo médio corresponde a 14 salários mínimos e em 2011, o mesmo estudo referido no DN antecipa que o salário médio dos gestores de topo valerá 20 salários mínimos aumentando o fosso social que nos caracteriza.
Parecem de facto questões a mais para o espírito natalício pese embora a sua resistência. Por isso, é melhor esquecer e tratar de começar a embrulhar os presentes, muitos.
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