sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

BALANÇO DE UMA LETRA SÓ, D

No final de 2009 amanhei um pequeno texto a que chamei "2009 de A a Z” no qual procurei fazer um pequeno balanço do ano que terminava utilizando o velho abecedário como organizador.
Este ano tentava o mesmo exercício e depois de alguma dificuldade inesperada, comecei a entender que o balanço de 2010 se poderia fazer partindo apenas de uma letra, a letra D.
O ano fica marcado pelo Desemprego que atingiu números impensáveis e implicou as maiores dificuldades para muitos milhares de portugueses, além, é claro da Dívida e do Déficice.
Entre as consequências dificilmente quantificáveis da crise em que nos encontramos mergulhados emerge a Dignidade roubada a muita gente, seja pela falta de trabalho, seja pela exclusão e pobreza.
O aumento do número de pessoas em risco de pobreza, muitas delas ainda crianças, representa uma enorme Desilusão e Derrota precisamente em 2010, o Ano Europeu contra a Pobreza e a exclusão Social.
Também podemos afirmar, creio, que 2010, veio acentuar a Desconfiança com que os que os discursos das lideranças políticas e económicas são percebidos por boa parte dos cidadãos.
Um dos aspectos que, lamentavelmente, permaneceu inalterável em 2010 foi a Desconfiança dos cidadãos face à justiça. Esta desconfiança é uma das maiores ameaças à qualidade da nossa vida cívica e mantém-se, é estrutural.
Na senda do que têm sido os últimos anos, a educação, melhor dizendo, a política educativa continuou à Deriva, agora em estilo materno-voluntarista sorridente. Medidas reactivas, avulsas e com pouca coerência entre si continuam a caracterizar a actuação do ME.
Não posso deixar de referir algo que me parece marcar o ano que caduca. De mansinho, parece ter-se instalado uma Desesperança, um sentimento proibido, inibidor, onde pode crescer a desistência do futuro.
No entanto, felizmente, cada um de nós terá vivido certamente Dias bonitos que nos vão ficar também como memórias de 2010.
Tentando manter uma atitude e uma visão realistas, considero-me um optimista cauteloso, acredito que, por princípio, o que está para vir vai ser melhor do que o que já passou, se fizermos por isso. Assim, como não podia deixar de ser, Desejo-vos um bom ano.

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