terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A PROFESSORA DESESPERADA - Outro diálogo improvável

Então Maria, tudo bem?
Não João, tudo mal, estou à beira do colapso.
Porque ...
Não me digas nada. Tenho seis turmas com 130 alunos que mal tenho tempo para conhecer. Com a mania que esta escola tem de juntar os maus alunos na mesma turma tenho uma delas que me faz desesperar e ando completamente perdida. Passo os dias inteiros na escola em reuniões que na maior parte das vezes não servem para nada. Não há coordenador, e são muitos, que não peça um plano e um relatório, gasto tempo sem fim de volta de planos e relatórios cuja utilidade é perto do zero. Temos um director mais preocupado com números do que com pessoas. Tenho o problema da avaliação que nem sei como vai correr. Não tenho apoios para os miúdos que têm mais dificuldades, não existem técnicos que nos ajudem, os pais estão desesperados com os seus problemas e sem capacidade para ajuda aos miúdos. Quando procuro algum amparo junto dos colegas encontro-os tão de rastos com as suas próprias dificuldades que o melhor é nem falar de trabalho a ver se nos enganamos. Quando a Ministra fala fico com a sensação de que deve viver algures que não cá, oiço toda a gente falar mal dos professores e de como não se interessam pelos alunos. Chego a casa, mal tenho tempo para falar com o Manel e com os miúdos é tudo a correr porque depois deles deitados ainda tenho as aulas para preparar. Para além disto tudo ...
Maria, desculpa lá, tenho que ir para a reunião.
Tu é que perguntaste se estava bem.
Já percebi que não devia ter perguntado.

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