sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O TEMPO DAS PRENDAS E DO NATAL

Um dia destes, já à entrada do espírito natalício um título na imprensa dizia qualquer coisa como "Os brinquedos mais desejados são os que se vêm no ecrã".
Não podia deixar de ser, o Natal está aí e, portanto, está aberta a época de caça, perdão de compras sugeridas. A publicidade nos “ecrãs” direcciona-se em força para os miúdos estimulando o consumo a que os pais dificilmente resistem, com ou sem crise, que a consciência que rói e estimula a culpa se aquieta com um monte de prendas e, por outro lado, sabem como é, é tão difícil dizer não.
Será ingénuo pensar que quem promove produtos para os miúdos e quem gere os “ecrãs”, assuma uma preocupação com o equilíbrio entre o natural interesse dos miúdos por brinquedos e a natural vontade dos pais de proporcionarem prendas aos filhos e demais criançada da família, sobretudo numa época transformada num centro comercial decorado a vermelho e com barbas e num tempo em que cada vez mais “só se é o que se tem” e “ter mais é ser mais”. No entanto, acredito que é possível e desejável fazer alguma coisa junto dos pais e dos miúdos para tentar atenuar os efeitos deste cenário e até existem algumas iniciativas já experimentadas com muito interesse, mas com pouca divulgação e algumas de carácter pontual.
As escolas poderiam ter um trabalho interessante debatendo com os miúdos, de todas as idades e de forma adequada, o papel da publicidade nas escolhas e nos gostos deles promovendo uma atitude mais consciente e crítica destes processos. Poderia também ser interessante conversar com os pais sobre o papel dos “presentes” nas relações familiares, isto é, mais prendas não é igual a gostar mais, não compram os afectos, sobre o papel da publicidade e a forma de lidar com a pressão desencadeada pelos filhos depois de verem “os ecrãs”.
Pode não ser claro, mas a minha ideia não é estragar o Natal, é ter um Natal por medida em vez de um Natal pronto a consumir.

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