domingo, 26 de abril de 2009

UM DOMINGO DE SANTIDADE

Reconfortante. Findo o ritual do balanço do que tem sido o resultado das “Portas que Abril abriu”, e quando nos espera mais uma semana dedicada, seguramente, à crise e aos seus devastadores efeitos, é bom um Domingo com o conforto da Santidade. Primeiro, pela canonização de D. Nuno de Santa Maria, circunstância exaltante e de profundo significado para as actuais e vindouras gerações. O seu exemplo de entrega, probidade, patriotismo e capacidade de decisão para nos tirar da crise em que vivíamos, Sócrates que se cuide, será certamente uma inspiração para a actual classe política. Apenas lamento que a canonização seja atingida através de um milagre assim para o fraquinho, curar o olho da D. Guilhermina que tinha levado com o pingo do óleo quente. O Santo Condestável merecia algo de maior substância e impacto, mas até no milagre foi humilde. Em segundo lugar, achei também reconfortante e santificadora a entrevista inserta no Público com a Virgem do Barreiro, uma menina de 26 anos que fundou o Clube das Virgens e guarda a sua virgindade para um príncipe encantado que um dia a envolverá num amor puro e imaculado capaz de lhe assanhar as carnes, como dizia Miguel Torga e digo eu. A Virgem do Barreiro já teve por perto uma rapaziada, a um até deu um beijo e outro queria, disse ela, “pôr a mão aqui e ali” (não percebi exactamente onde), mas aguarda o verdadeiro amor. Além disso, que não é de pouca monta, vive com o pai, um reformado que, ou está no café ou no sofá, fala de tudo à mãe com quem sai e, a Ministra da Educação vai achar tocante, acabou o 12º no Programa Novas Oportunidades. Acho este testemunho absolutamente esmagador e um grande exemplo para as moças das novas gerações que, como diz a Virgem do Barreiro, “ora gostam de um rapaz, ora gostam de outro”, umas devassas. Será certamente convidada para as tertúlias do Casino da Figueira, onde aparecerá com D. Saraiva Martins e será aconselhada por D. José Policarpo a não se deixar tentar por um príncipe árabe pois, apesar do petróleo, arranja um monte de sarilhos.
Bonito e reconfortante este Domingo, o problema é que amanhã está aí a vida e eu não acredito em milagres.

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