terça-feira, 28 de abril de 2009

NÃO PODE VALER TUDO

As sociedades actuais, chamadas da informação e do conhecimento, não dispensam a utilização de estratégias de comunicação eficazes nos diferentes domínios da actividade humana. Na acção política, sobretudo quando se aproximam eleições, quer em situação de poder, quer em situação de oposição, o recurso a estratégias eficazes de comunicação é algo de que ninguém, sublinho ninguém, prescinde. Nesta conformidade, ficará em aberto não a utilização do chamado marketing político, mas os limites e a natureza desse marketing, Sendo, obviamente de leitura subjectiva, dependendo, por exemplo, do posicionamento político de quem emite, analisa ou recebe a mensagem alguns aspectos podem, e devem, ser discutidos. É neste quadro que situo os episódios hoje relatados, a distribuição pelo Primeiro-ministro, Ministra da Saúde e Ministra da Educação de cheques-dentista a meninos das escolas e a utilização em tempo de antena do PS de imagens de meninos a trabalhar com o Magalhães registadas em escolas públicas a solicitação das estruturas regionais do ME. O primeiro caso, sendo uma medida necessária e integrada no Plano Nacional de Saúde Oral, parece um caso óbvio de publicidade terceiro-mundista e de aproveitamento mediático e abusivo de algo que é a operacionalização de um direito, o direito à saúde, tendencialmente gratuito, através do Serviço Nacional de Saúde. Imaginar o Primeiro-ministro e duas ministras a distribuírem cheques às criancinhas com a comunicação social atrás incomoda-me.
Na utilização da imagem dos meninos a trabalharem com o Magalhães no tempo de antena do PS, depois da recolha das imagens ter sido solicitada pelo Ministério da Educação parece-me um atropelo óbvio à ética, a confusão entre o estado e o partido e a indevida exposição pública de imagens que, embora autorizadas, não foram recolhidas para esse fim.
Não pode valer tudo.

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