Embora pareça contraditório com o facto de sermos um povo assim a atirar para o triste, os estudos comparativos sugerem tal ideia, existe uma expressão que nos é muitíssimo familiar mas sugestiva de que muito do que está à nossa volta é a brincar. Trata-se da recorrente expressão “a sério?”, significativa de incredulidade e desconfiança. Entre tantas formulações alternativas, logo recorremos a algo que nos certifique de que o nosso interlocutor não está a brincar. A ver pela frequência de utilização, não dá para perceber como somos o tal povo tristonho. Alguns exemplos do quotidiano político recente.
O governo aceitou sugestões legislativas da oposição. A sério? A oposição aplaudiu uma iniciativa do governo. A sério? As autarquias estão bem geridas. A sério? O governo já tomou as medidas necessárias para resolver o problema. A sério? Na recente crise dos medicamentos, todos os envolvidos estão preocupados com o bem-estar dos utentes. A sério? Temos a maior central fotovoltaica do mundo e o maior parque eólico da Europa, isto corresponde a uma estratégia do governo, porque o governo tem uma estratégia. A sério?
Em termos mais pessoais, a situação é do mesmo tipo.
Adoro-te. A sério? Estou cansado de trabalhar. A sério? Estou um bocado preocupado. A sério? Essa roupa fica-te bonita. A sério? Pai, as notas subiram. A sério? João, podes continuar a brincar. A sério?
Com esta necessidade compulsiva de nos certificarmos de que o outro não brinca parece, de facto, estranho como nos consideram um povo triste.
O governo aceitou sugestões legislativas da oposição. A sério? A oposição aplaudiu uma iniciativa do governo. A sério? As autarquias estão bem geridas. A sério? O governo já tomou as medidas necessárias para resolver o problema. A sério? Na recente crise dos medicamentos, todos os envolvidos estão preocupados com o bem-estar dos utentes. A sério? Temos a maior central fotovoltaica do mundo e o maior parque eólico da Europa, isto corresponde a uma estratégia do governo, porque o governo tem uma estratégia. A sério?
Em termos mais pessoais, a situação é do mesmo tipo.
Adoro-te. A sério? Estou cansado de trabalhar. A sério? Estou um bocado preocupado. A sério? Essa roupa fica-te bonita. A sério? Pai, as notas subiram. A sério? João, podes continuar a brincar. A sério?
Com esta necessidade compulsiva de nos certificarmos de que o outro não brinca parece, de facto, estranho como nos consideram um povo triste.
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