terça-feira, 7 de abril de 2009

O FUNCIONAMENTO EM REDE

O funcionamento em rede é uma das características das sociedades modernas. Nós os portugueses somos pioneiros neste modelo de funcionamento. Esta convicção e confiança nos modelos em rede começou por desenvolver-se no interior das famílias e desenvolveu-se no sentido de alargar o seu âmbito de funcionamento. Uma das áreas que mais me impressiona desta adesão aos modelos em rede, remete para a nossa relação com a administração fiscal. Vejamos alguns dos inúmeros exemplos. As facturas de gasolina que arranjamos uns para outros, os preços diferentes que os bens e serviços têm consoante impliquem, ou não, os respectivos recibos, os esquemas de tipo carrossel para fugir ao IVA, o biscate não declarado com a cumplicidade do cliente, os bens colocados em nome de familiares ou amigos (sobrinhos na Suíça, por exemplo), a venda (fictícia por vezes) de bens para evitar penhoras por dívidas fiscais que agora começaram a ser mais fiscalizadas (2270 em menos de um mês), etc. O limite é a criatividade que, como sabemos, não é pequena.
Acho de uma injustiça tremenda o não reconhecimento, por um lado, do pioneirismo do recurso à rede e, por outro lado, o desenvolvimento e contínuo aperfeiçoamento deste modelo com constantes e eficazes adaptações que nos transformam numa das mais eficazes sociedades europeias em matéria de cumplicidade e solidariedade na fuga ao fisco.

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