Quando eu era miúdo, nos inícios de sessenta, a minha mãe, numa espécie de exploração do trabalho infantil a que ninguém, a não ser eu próprio, se mostrava sensível, mandava-me fazer recados, muitos recados, era ao lugar da D. Maria, à capelista, à mercearia do Sr. Eugénio, meu tio, à drogaria do Sr. Raul, etc. Desde essa altura que os “recados” tinham praticamente desaparecido do meu ambiente. Eis senão quando, a política do Portugal dos Pequeninos recuperou o recado, o termo, que não o significado exacto. A imprensa anda cheia de recados. È o Engenheiro a afirmar que está contra a política do recado. É toda a gente a opinar sobre os recados que o Presidente Cavaco Silva mandou ao governo e aos empresários. É o Action Man Menezes a mandar recados à Dra. Ferreira Leite e aos seus apoiantes. É Mário Soares a mandar recados a Sócrates sobre Durão Barroso. É Paulo Rangel a mandar recados a Vital Moreira. É o Primeiro-ministro a mandar recados à imprensa. É D. José Policarpo a mandar recados sobre como interpretar o discurso do Papa sobre os preservativos. É o Procurador-geral a mandar recados ao Engenheiro. Enfim, para além da crise, agora temos os recados.
Esta gente não entende que uma das diferenças entre os líderes e os aspirantes, é que os líderes não mandam recados, falam.
Esta gente não entende que uma das diferenças entre os líderes e os aspirantes, é que os líderes não mandam recados, falam.
Sem comentários:
Enviar um comentário