quinta-feira, 7 de maio de 2009

COMBATE À CORRUPÇÃO - NÃO É NÃO QUERER, É NÃO PODER

A nova lei do financiamento dos partidos continua na agenda. Também já aqui me referi a esta matéria, falando do “partidão” criado, ou seja, TODOS os partidos a aprovaram ultrapassando o tão falado “centrão”. A este propósito e depois de João Cravinho, vem agora Henrique Neto expressar o seu entendimento de que o PS não parece verdadeiramente interessado em combater a corrupção. Claro que não, nem o PS nem nenhum dos partidos do chamado “arco do poder”, o que pode ser comprovado pelas práticas desenvolvidas quando foram ocupando o poder. A questão, do meu ponto de vista, é mais grave. Os partidos, insisto no plural, mais do que NÃO QUERER mexer seriamente na questão da corrupção, NÃO PODEM e vejamos porque não podem. Nas últimas décadas temos vindo a assistir à emergência de lideranças políticas que, salvo honrosas excepções, são de uma mediocridade notável. Temos uma partidocracia instalada o que determina um jogo de influências e uma gestão cuidada dos aparelhos partidários donde são, quase que exclusivamente, recrutados os dirigentes da enorme máquina da administração pública e instituições e entidades sob tutela do estado. Esta teia associa-se à intervenção privada sobretudo nos domínios, e são muitos, em que existem interesses em ligação com o estado, a banca e a as obras públicas são apenas um exemplo. A manutenção deste quadro, que nenhum partido está obviamente interessado em alterar, exige um quadro legislativo adequadamente preparado no parlamento e uma actividade reguladora e fiscalizadora pouco eficaz ou, utilizando um eufemismo, “flexível”. Assim, a sobrevivência dos partidos, tal como estão, exige a manutenção da situação existente pelo que, de facto, não podem alterá-la. Quando muito e para nos convencer de que estão interessados, introduzem algumas mudanças irrelevantes e acessórias sem, obviamente, mexer no essencial. Seria um suicídio para muita da nossa classe política e para os milhares de boys de diferentes cores que se têm alimentado, e alimentam do sistema.
Só um pedido, não nos chamem parvos.

1 comentário:

Raúl Vicente disse...

É exactamente assim que penso.