quinta-feira, 21 de maio de 2009

OS MELHORES PROFESSORES DO MUNDO

Não conhecendo antecedentes e atentando apenas nas imagens divulgadas, o comportamento da professora da Escola de Espinho é manifestamente inaceitável, independentemente da eventual legitimidade da gravação. O inquérito, esperemos, esclarecerá o que houver a esclarecer e tomar-se-ão as medidas adequadas. No entanto, nesta matéria parece-me necessária alguma contenção no que respeita a juízos e generalizações. Uma árvore não faz a floresta e a floresta pode beneficiar se perder algumas árvores. Vejam, a propósito deste lamentável episódio, os comentários on-line sobre os professores, alguns títulos produzidos, as referências a quantos foram demitidos e outro tipo de análises que, do meu ponto de vista, ainda que possam ser bem intencionadas acabam, devido à falta de tratamento adequado, por alimentar uma representação social sobre a classe que tem tanto de injusta como de perigosa por fragilizar os professores face aos seus interlocutores diários, alunos e pais.
É nesta classe que temos que confiar pois todos os dias lhes entregamos os nossos filhos, para que os ajudem a ser gente. Não podemos deixar de confiar.
É certo que a comunicação social deve cumprir o seu dever e assegurar o nosso direito à informação. No entanto, como é sabido, a forma como as matérias são abordadas podem ser mais ou menos ajustadas e, frequentemente, está mais em causa o efeito mediático traduzido nas vendas que a informação rigorosa e objectiva.
Às vezes, dizia a brincar, os professores do meu filho, sempre de escolas públicas, são os melhores professores do mundo, gosto tanto dele que não poderia entregá-lo a quem não fosse o melhor.

3 comentários:

Anónimo disse...

sinceramente. o seu raciocínio é o tipicamente vigente em Portugal: porque temos de confiar nos professores? Por obrigação? Apenas porque sim? Então a classe não deve conquistar essa confiança aula após aula, dia após dia, ano lectivo após ano lectivo? Pois devia lutar, agora mais do que nunca, pela dignificação da carreira: aceitar a avaliação e propor até muitos me´todos mais de acesso à carreira que durante mais de 30 anos foi o salva-vidas de muita gente manifestamente incompetente para as funções. E não, não deposito na escola a obrigação de educar e formar os meus filhos: esse papel é partilhado por todos nós.

Zé Morgado disse...

Caro anónimo,
Confio genericamente nos professores como confio genericamente em si enquanto não me mostrar que não posso confiar. Como confio genericamente nos médicos até que um me dê razões para desconfiar. Também não deposito exclusivamente na escola a obrigação de educar e formar os miúdos. Se bem leu o que escrevi disse "que os ajudam a ser gente". Mais do que uma vez referi aqui no Atenta que a responsabilidade global da educação é dos pais que contam, para tal efeito com funções desempenhadas por outros como, por exemplo, os professores. Fica mais claro? Os africanos costumam dizer que "para fazer uma casa bastam 4 homens, mas para educar uma criança é preciso uma aldeia". Eu falo da aldeia, não falo só dos professores

Cumprimentos

Anónimo disse...

Sr. Anómino,
Aprender é um privilégio. E se houver alguem que nos queira ensinar, os priveligados somos nós, não são os que ensinam...Eles estão dispostos a partilhar o que sabem...
E o alunos que acha que os professores é que tem que conquistar os alunos... partilham o quê?
Ou serão os alunos que tem que conquistar os professores?

Ah já sei... os pais dos alunos pagam o salário dos professores, é um serviço!...A bem do serviço!