Ao que se lê na imprensa o Sindicato
dos Jornalistas apela a que a classe "boicote" as conferências de
imprensa ou declarações em que não sejam permitidas questões. Recentemente
assim aconteceu com o anúncio da candidatura de Rui Rio à liderança do PSD ou na
“reacção” de Ricardo Salgado ao despacho final de acusação da designada
Operação Marquês.
É de recordar que no Congresso
dos Jornalistas realizado em Janeiro foi aprovada por unanimidade uma decisão no
mesmo sentido, as iniciativas com a proibição de perguntas não seriam
noticiadas.
Como é evidente esta decisão não
teve qualquer consequência e recorrentemente assistimos a estas deploráveis
situações.
Levada a sério e posta em prática
poderia ser um forte contributo para combater o modo como muitas lideranças
entendem o papel da imprensa, serve para divulgar apenas a mensagem que lhes
interessa mostrando-se indisponíveis para responder a questões. A imprensa é
apenas um veículo publicitário dos seus produtos ou “verdades”.
Para além desta atitude seria
ainda desejável que quando colocam questões, os jornalistas façam as perguntas
adequadas e não uma encenação de diálogo que mais não é que um monólogo a dois,
ou seja, independentemente das perguntas, o inquirido fala do que quer sem que
isso lhe seja cobrado.
É ainda de aguardar a reacção das
empresas de comunicação a esta decisão dos jornalistas num tempo que em
precariedade e competição os deixa mais vulneráveis a pressões.
Sei que não é fácil mas também
tenho a convicção de que seria uma forma de proteger a própria imprensa e o seu
papel insubstituível como um dos pilares das sociedades abertas e democráticas.
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