quinta-feira, 12 de outubro de 2017

SEM PERGUNTAS NÃO HÁ NOTÍCIAS

Ao que se lê na imprensa o Sindicato dos Jornalistas apela a que a classe "boicote" as conferências de imprensa ou declarações em que não sejam permitidas questões. Recentemente assim aconteceu com o anúncio da candidatura de Rui Rio à liderança do PSD ou na “reacção” de Ricardo Salgado ao despacho final de acusação da designada Operação Marquês.
É de recordar que no Congresso dos Jornalistas realizado em Janeiro foi aprovada por unanimidade uma decisão no mesmo sentido, as iniciativas com a proibição de perguntas não seriam noticiadas.
Como é evidente esta decisão não teve qualquer consequência e recorrentemente assistimos a estas deploráveis situações. 
Levada a sério e posta em prática poderia ser um forte contributo para combater o modo como muitas lideranças entendem o papel da imprensa, serve para divulgar apenas a mensagem que lhes interessa mostrando-se indisponíveis para responder a questões. A imprensa é apenas um veículo publicitário dos seus produtos ou “verdades”.
Para além desta atitude seria ainda desejável que quando colocam questões, os jornalistas façam as perguntas adequadas e não uma encenação de diálogo que mais não é que um monólogo a dois, ou seja, independentemente das perguntas, o inquirido fala do que quer sem que isso lhe seja cobrado.
É ainda de aguardar a reacção das empresas de comunicação a esta decisão dos jornalistas num tempo que em precariedade e competição os deixa mais vulneráveis a pressões.
Sei que não é fácil mas também tenho a convicção de que seria uma forma de proteger a própria imprensa e o seu papel insubstituível como um dos pilares das sociedades abertas e democráticas. 

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