Não sei exactamente por que
razão, a memória é uma teia complexa, lembrei-me de um episódio de há algum
tempo.
Numa roda de gente interessada
nas coisas da educação conversava-se sobre uma das características que, do meu
ponto de vista, mais carece de reflexão no nosso sistema educativo, os
conteúdos e a organização curricular, sobretudo no ensino básico.
Comentava-se, entre outros
aspectos a excessiva compartimentação dos conteúdos em torno de cada “disciplina" do currículo.
A conversa animou-se e em modo “cada
cabeça, sua sentença” promovia-se uma reforma curricular cuja necessidade
pareceu reforçada com uma história pessoal partilhada por uma das pessoas presentes.
A filha, a frequentar o 1º ano e ainda a aprender a escola, coisa que é bem
precisa antes de começar a aprender as coisas da escola, ao olhar para a
mochila lhe perguntou, "Mãe, a matemática é aquilo dos números ou das
letras?"
Os miúdos fazem perguntas mesmo
disparatadas, é claro que a matemática é coisa de números e não tem nada a ver
com aquela coisa das letras que é um outro mundo, outra disciplina, um outro
manual, um outro conjunto de actividades, uma outra avaliação, uma outra
dificuldade, uma outra representação, enfim, outra disciplina.
Como é evidente, isto não tem
rigorosamente a ver com flexibilização curricular, uma coisa inovadora que por
aí anda, ou terá?
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