domingo, 1 de outubro de 2017

O BILINGUISMO, UM EQUÍVOCO QUE PERSISTE

No DN de hoje encontra-se uma peça interessante em que com base na opinião de especialistas e na evidência científica se sublinha a importância e efeitos genericamente positivos que tem o bilinguismo logo desde bebé.
Este entendimento não é novo e é mais um contributo para um minimizar um equívoco que continua presente em alguns discursos nas nossas comunidades escolares, o de que crianças "mergulhadas" em duas línguas estarão “condenadas” a sentir dificuldades de aprendizagem.
Como é evidente, já aqui o referi e com base na experiência, algumas das pessoas que genuinamente assumem este entendimento, são as mesmas que proporcionam aos seus filhos pequenos a aprendizagem, por exemplo, do inglês, e não entendem que isso lhes provoque dificuldades na aprendizagem, antes pelo contrário, é benéfico como os estudos comprovam e que se estendem também a crianças de meios desfavorecidos como também a investigação suporta.
A questão essencial que ajuda a explicar esta aparente contradição é a representação sobre a segunda língua envolvida, ou seja, se para além do português as crianças estiverem a aprender, inglês, alemão, espanhol ou francês, por exemplo, a situação tende a ser vista como benéfica. No entanto se estiverem a aprender português e crioulo vão, com toda certeza, sentir dificuldades escolares. Dito de outra maneira é o estatuto atribuído às línguas envolvidas que determina a natureza da apreciação sobre os resultados esperados.
Nesta perspectiva importa sublinhar que de facto o bilinguismo é uma situação potencialmente positiva embora não seja de concluir que todas as crianças devam passar por experiências bilingues sob pena de compromissos no seu desenvolvimento.
Definitivamente, o bilinguismo, não é um problema, será uma vantagem se soubermos, quisermos e conseguirmos aproveitar.

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