Os bispos portugueses irão
discutir um Decreto da Congregação para o Clero que estabelece que os
candidatos a padres irão ser avaliados à entrada no seminário. A avaliação não se destina a
aferir da sua vocação e decisão mas a avaliar se têm “tendências homossexuais”,
se são pedófilos ou têm doença mental.
Segundo a imprensa os testes
serão realizados por psicólogos e cito, “vão envolver familiares, padres e
“senhoras que conheçam o candidato”. Também lhes vai ser perguntado se fizeram
psicoterapia no passado.” Segundo o texto em
discussão, “a igreja não pode admitir aqueles que praticam a homossexualidade,
apresentam tendências homossexuais profundamente radicais ou apoiam a cultura
gay”.
Nem sei muito bem o que dizer mas
… não é possível.
Recordo-me de D. Manuel Martins,
bispo emérito de Setúbal e recentemente falecido, afirmar em 2012 que a Igreja
não está à altura do momento, está "atrasada" e não presta atenção às
"transformações do mundo".
Um dia, talvez a instituição
Igreja aceite e perceba a importância e a necessidade de mudança no discurso e
nas atitudes relativas ao divórcio e casamento, à orientação sexual, às uniões
entre pessoas do mesmo sexo e adopção por parte destes casais, à
anti-concepção, ao celibato dos padres, à abertura do sacerdócio às mulheres, o
combate à ostentação visível em parte das estruturas da igreja, etc.
No entanto, considerando o que se
tem ouvido e é conhecido das intervenções da hierarquia da Igreja, não creio
que, apesar de alguns comportamentos e discursos do Papa Francisco e também da
significativa mudança de estilo face ao seu antecessor Bento XVI, seja de
esperar um movimento de alteração significativa nas posições da Igreja sobre
estas matérias.
Tenho ainda curiosidade de saber
como considera a Ordem dos Psicólogos Portugueses esta eventual intervenção de
profissionais de psicologia neste processo.
PS - Ainda volto a este texto para referir uma outra indignidade. Inúmeros comentários que tenho lido referem afirmações como "mas porquê saber se são homossexuais se os padres não se podem casar". O engraçadismo anda por vezes muito perto da boçalidade, da intolerância e do disparate. Não é que me surpreenda, já não consigo, tal como não consigo ficar indiferente.
PS - Ainda volto a este texto para referir uma outra indignidade. Inúmeros comentários que tenho lido referem afirmações como "mas porquê saber se são homossexuais se os padres não se podem casar". O engraçadismo anda por vezes muito perto da boçalidade, da intolerância e do disparate. Não é que me surpreenda, já não consigo, tal como não consigo ficar indiferente.
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