Em Portugal existe o generalizado
hábito entre a classe política, mas não só, de sempre que existe um problema de
maior ou menor gravidade em qualquer área ou sector se levantar um coro afinado
clamando pela demissão do ou dos responsáveis dessa área ou sector.
Como tantas vezes tenho escrito é
evidente que as eventuais responsabilidades devem ser apuradas e a culpa, se a
houver, não pode morrer solteira no reino da impunidade, característica do
pantanoso estado da nossa democracia.
No entanto, do meu ponto de
vista, a demissão imediata é a saída mais fácil e mais cómoda para os eventuais
responsáveis, livram-se de responsabilidades e entram no limbo do esquecimento,
por vezes até chegam a senadores, um pessoal que perora sobre tudo como se
nunca tivesse responsabilidade de nada. Em muitas circunstâncias, a demissão não é um acto de coragem é um acto de
cobardia política.
Curiosamente, o coro que exige a
demissão parece ter uma vitória que, do meu ponto de vista, alimenta a espuma
dos dias, é irrelevante mas faz parte da pequena política do Portugal dos
Pequeninos. Boa parte da imprensa, com agenda alinhada, faz parte deste coro
para além de, caso das tragédias com os incêndios, nos proporcionar peças televisivas que deveriam ter um aviso prévio para que não fossem vistas por pessoas com sensibilidade moral, sentido de dignidade, respeito
pela dor e tragédia alheia, percepção adequada de valores de natureza ética,
enfim, de que se tratam de uma experiências limite. Porquê, para quê, em nome
de quê?
Difícil quando algo corre mal é
ficar, lidar com as consequências, aceitar escrutínios independentes sobre o
que aconteceu e correu mal e, finalmente, então assim, se for caso disso,
assumir a decisão de se demitir.
Serei só eu a pensar assim?
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