De acordo com o relatório Regiões em Números 2015/2016 da DGEEC
entre 2006/2007 e 2015/2016 o número de escolas passou de 10.071 para 5.781.
Conforme uma notícia divulga em
maio este processo não estará fechado pois a agenda de trabalho entre o ME e a
Associação Nacional de Municípios contemplará a continuidade do processo de
reestruturação da rede escolar, isto é, o encerramento de escolas.
Tal como se verifica com a
significativa queda do número de professores também o encerramento de escolas
não é apenas justificado pelo abaixamento do número de alunos. Como muitas
vezes escrevi a política de encerramento de escolas assentou num princípio
necessário de reorganização de uma rede já desadequada por ineficiente e
onerosa.
No entanto, considerando os
impactos que o encerramento dos equipamentos sociais têm na desertificação do
país e nas assimetrias de desenvolvimento, a decisão de encerrar escolas não
deveria ter sido ser vista exclusivamente do ponto de vista administrativo e
económico. Não pode assentar em critérios cegos e generalizados, esquecendo
particularidades contextuais e, sobretudo, não servir como tudo parece servir
em educação, para o jogo político, local ou nacional.
Por outro lado, este movimento de
reorganização da rede escolar e fechamento de escolas, de construção dos
centros educativos e da constituição de mega-agrupamentos, criou situações em
que as dimensões e características são fortemente comprometedoras da qualidade,
com potenciais riscos e consequências conhecidos e estudados, os mega-agrupamentos tendem a produzir mega-problemas.
É também verdade que menos
escolas e agrupamentos e direcções unipessoais tornam também mais fácil o
controlo político de um sistema ainda altamente centralizado apesar da retórica
de autonomia. Este controlo é, naturalmente, uma tentação de sempre de qualquer
pode.
De há muito que se sabe que um
dos factores mais contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de
disciplina escolar é o efectivo de escola. Não é certamente por acaso, ou por
desperdício de recursos, que os melhores sistemas educativos, lá vem a
Finlândia outra vez, mas também os Estados Unidos ou o Reino Unido procurando a
requalificação da sua educação, optam por estabelecimentos educativos que não
ultrapassam a dimensão média de 500 alunos. Sabe-se, insisto, de há muito, que
o efectivo de escola está mais associado aos problemas que o efectivo de turma,
ou seja, simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito
grandes, dentro, obviamente dos limites razoáveis. É certo que o ME, sobretudo
a partir de Maria de Lurdes Rodrigues e com Nuno Crato, fez o pleno, aumenta o
número de alunos por escola e o número de alunos por turma o que leva à
“dispensa” de professores. O processo de redução do número de alunos por turma foi
iniciado e está em curso timidamente.
As escolas muito grandes, com a
presença de alunos com idades muito díspares, são autênticos barris de pólvora
e contextos educativos que dificilmente promoverão sucesso, qualidade e
inclusão apesar do esforço de professores, alunos, pais e funcionários.
Recorrentes episódios e relatos de professores sustentam esta afirmação.
Por outro lado, a experiência já
conhecida mostra casos de distâncias grandes entre a residência dos miúdos e os
centros escolares, levando que devido à difícil gestão dos transportes
escolares, os miúdos passem tempos sem fim nos centros escolares, experiência
que não é fácil, sobretudo para os miúdos mais pequenos.
Em síntese, parece-me razoável
que algumas escolas, sobretudo do 1º ciclo, tenham sido encerradas mas o
recurso a critérios burocratizados e administrativos, como a análise simples do
número de alunos, levou a situações de sério compromisso da qualidade da
educação e mesmo da qualidade de vida de muitos alunos.
Seria desejável não esquecer e
avaliar o que se tem passado.
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