"Portugal perdeu quase meio milhão de jovens na última década"
O país tem vindo a enfrentar um esvaziamento da camada de população mais jovem. Entre o abaixamento dos nascimentos e a emigração forçada de muitos milhares de jovens por não vislumbrarem a possibilidade construir um projecto de vida viável por cá, perderam-se quase meio milhão de pessoas entre os 15 e os 30 anos.
Os que resistem lutam com um desemprego catastrófico, a proletarização do mercado de trabalho empreendida em nome de uma suicidária ideia de que o empobrecimento nos fará ricos e desenvolvidos e níveis de precariedade que arruinam qualquer ideia de estabilidade e construção de vida pessoal e autónoma.
Prolonga-se a estadia em casa dos pais e adiam-se ou eliminam-se projectos de parentalidade que alimentarão a, como agora se diz, espiral recessiva em matéria de nascimentos.
No meio, temos um grupo etário, entre os 30 e os 60, marcado por desemprego de longa duração e abaixamento extraordinário de rendimentos, assustado com um presente e um futuro próximo que não vislumbrava e se sente ameaçado e inseguro com o chão que sente fugir debaixo dos pés. Finalmente, depois temos os velhos, a maioria com rendimentos que não asseguram um fim de vida sereno e tranquilo, muitos vivem sós, alguns isolados, a padecer de sozinhismo ou, muitos outros emprateleirados em lares, às vezes clandestinos pois o preço é mais acessível.
O país parece virado do avesso, perde os jovens, destrata os do meio e descuida dos velhos.
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