"Pediatra pede a todos os cidadãos que estejam atentos a sinais de maus tratos"
De há muito e a propósito de várias questões, que afirmo que
em Portugal, apesar os progressos realizados e de existirem vários dispositivos
de apoio e protecção às crianças e jovens e de existir legislação no mesmo
sentido, sempre assente no incontornável “supremo interesse da criança", ainda
nos falta algo de muito importante, uma cultura sólida de protecção das
crianças e jovens de que temos exemplos com regularidade.
Ainda acontece que depois de alguns episódios mais graves se
oiça uma expressão que me deixa particularmente incomodado, a criança estava
“sinalizada” ou “referenciada” o que foi insuficiente para a adequada
intervenção. Em Portugal sinalizamos e referenciamos com relativa facilidade, a
grande dificuldade é minimizar ou resolver os problemas das
crianças referenciadas ou sinalizadas.
Neste quadro continua a ser absolutamente necessário que as
pessoas que lidam com crianças, designadamente na área da saúde e da educação,
sejam capazes de “ler” os miúdos e os sinais que emitem de que algo se passa
com eles.
Esta atitude de permanente, informada e intencional atenção
aos comportamentos e discursos dos miúdos é, do meu ponto de vista, uma peça
chave para minimizar a tragédia dos maus tratos e negligência envolvendo
crianças.
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