"Fogos de 2013 na Covilhã terão sido causados por menor de 13 anos"
Apesar de a provocação de incêndios não ser muito vulgar,
felizmente, são frequentes os episódios de comportamentos socialmente
desajustados incluindo violência e abusos entre os mais novos o que nos leva a
questionar os nossos valores, trabalho educativo (família, escola e
comunidade), códigos e leis pela perplexidade que nos causam. Esta situação,
uma série de incêndios propositadamente ateados é um exemplo.
A questão que me leva de novo a estas notas é mais no
sentido de tentarmos perceber um processo que designo como "incubação do
mal" que se instala nas pessoas, muitas vezes logo na adolescência, a
partir de situações de mal-estar que podem passar relativamente despercebidas
mas que, devagarinho, insidiosamente, começam interiormente a ganhar um peso
insuportável cuja descarga apenas precisa de um gatilho, de uma oportunidade.
A fase seguinte pode passar por duas vias, uma mais
optimista em que alguma actividade, socialmente positiva, possa drenar esse
mal-estar, nessa altura já desregulação de valores, ódio e agressividade, ou, a
outra via, aumenta exponencialmente o risco de um pico que pode ser um ataque
numa escola, a bomba meticulosamente e obsessivamente preparada, incêndios provocados,
como neste caso, ou uma investida contra
alguém arriscando a entrada numa espiral de violência cheia de
"adrenalina", em nome de coisa nenhuma a não ser de um
"mal-estar" que destrói valores e gente.
É evidente que apesar da punição e a detenção constituírem
um importante sinal de combate à sensação de impunidade perigosamente presente
na nossa comunidade, é minha forte convicção de que só punir e prender não
basta.
Assim, sabendo que prevenção e programas comunitários e de
integração têm custos, importa ponderar entre o que custa prevenir e os custos
posteriores das consequências dos comportamentos, da violência, da delinquência
continuada e da insegurança.
Finalmente, sublinhar a importância de uma permanente
atenção às pessoas, desde pequenas, ao seu bem-estar, tentando detectar,
tanto quanto possível, sinais que indiciem o risco de enveredar por um caminho
que se percebe como começa, mas nunca se sabe como acaba.
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