"Mortos em acidentes de viação mostram mais casos de consumo de cannabis"
"Cannabis: “Efeito pode ser semelhante ao álcool pois inibe reflexos e avaliação do perigo”"
"Legalizar a cannabis é o passo que se segue?"
Como muitas vezes tenho afirmado,
existem áreas de problemas que afectam as comunidades em que os custos da
intervenção são claramente sustentados pelas consequências da não intervenção,
ou seja, não intervir ou intervir mal é sempre bastante mais caro que a
intervenção correcta em tempo oportuno.
A toxicodependência e o consumo
do álcool são exemplos dessas áreas. No entanto, o Governo, numa cedência óbvia aos interesses
económicos, determinou a existência de álcool “bom” que pode ser adquirido aos
16 anos e de um álcool “mau” que só pode ser adquirido aos 18 anos.
É também reconhecido que os tempos que atravessamospotenciam o aumento dos consumos ou as recaídas o que merece a maior das atenções.
Quadros de dependência não
tratados desenvolvem-se habitualmente, embora possam verificar-se excepções,
numa espiral de consumo que exigem cada vez mais meios e promove mais
dependência. Este trajecto potencia comportamentos de delinquência, alimenta o
tráfico, reflecte-se nas estruturas familiares e de vizinhança, inibe
desempenho profissional, promove exclusão e “guetização” para além de outros
efeitos graves na saúde, física e mental, ou nos comportamentos, veja-se a
notícia sobre o volume de acidentes em que as pessoas envolvidas acusam
consumos, diferentes consumos. Este cenário implica por sua vez custos sociais
altíssimos, persistentes e difíceis de contabilizar.
Os consumos, de diferentes
substâncias, designadamente por parte dos adolescentes e jovens podem
relacionar-se com alguma negligência paternal mas, na maioria dos casos,
trata-se de pais, que sabem o que se passa, “apenas fingem” não perceber,
desejando que o tempo “cure” se sentem tremendamente assustados, sem saber
muito bem o que fazer e como lidar com a questão. De fora parece fácil produzir
discursos sobre soluções, mas para os pais que estão “por dentro” a situação é
muitas vezes sentida como maior que eles, justificando-se a criação de
programas destinados a pais e aos adolescentes que minimizem o risco do consumo
excessivo.
Costumo dizer em muitas ocasiões
que se cuidar é caro, façam as contas aos resultados do descuidar.
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