sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O MEC EM MODO DEMAGÓGICO. Cobrir as escolas ou as necessidades das escolas

"Escolas vão contratar mais psicólogos neste ano lectivo"

Segundo MEC existem 424 psicólogos nos quadros dos estabelecimentos de ensino públicos. No ano passado foram contratados mais 181 a que se juntam 140 nos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária e este ano o número sobe para 214, mais 33 técnicos sublinha o carismático Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, Casanova de Almeida o que corresponde às necessidades resultantes de uma avaliação da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, claro, como no caso das necessidades dos professores em que o rigor tem imperado.
O MEC afirma que assim, 71% das escolas ou agrupamentos passam a ter um ou mais técnicos de psicologia a tempo inteiro (64% no ano anterior) e os restantes 29% tum técnico a meio tempo.
No comunicado o MEC diz ainda que fica assegurada “uma cobertura integral” dos agrupamentos e escolas não agrupadas.
Algumas notas sobre esta questão procurando resguardá-las de interesses corporativos sem discutir aqui a natureza específica, quer em termos de adequação, quer de qualidade da intervenção dos psicólogos no sistema educativo
Segundo a Ordem dos Psicólogos e o Sindicato Nacional dos Psicólogos seriam necessários mais 750 profissionais para, em conjunto com os já existentes, suprirem as carências do sistema educativo no que respeita à intervenção destes profissionais.
Esta estimativa radica na utilização de um rácio, um profissional por cada mil alunos, que está ainda acima do cenário existente em muitos países que usam rácios mais baixos. Conheço muitas situações em que existe, quando existe, um psicólogo para um agrupamento com várias escolas e que envolve um universo de mais de 3000 alunos e a deslocação permanente entre várias escolas numa espécie de psicologia em trânsito. Como em vários outros campos, é um fingimento de resposta. Nada de estranho e com muitos outros exemplos.
Das duas uma, ou se entende que os psicólogos sobretudo, mas não só, os que possuem formação na área da psicologia da educação podem ser úteis nas escolas como suporte a dificuldades de alunos, professores e pais, em diversos áreas, não substituindo ninguém, mas providenciando contributos específicos para os processos educativos e, portanto, devem fazer parte das equipas das escolas, base evidentemente necessária ao sucesso da sua intervenção, ou então, existirá quem assim pense no próprio MEC (veja-se o atraso na colocação dos poucos que o sistema tem), os psicólogos não servem para coisa nenhuma, só atrapalham e, portanto, não são necessários. Este entendimento contraria o que a experiência e o conhecimento da realidade de outros países aconselha mas como é hábito os exemplos de fora só são citados conforme os interesses.
Posso entender a existência de constrangimentos sérios mas não posso aceitar a demagogia e falta de seriedade intelectual.
O que o MEC se propõe fazer, “assegurar a cobertura integral” dos agrupamentos e escolas não agrupadas por técnicos de psicologia, é uma fraude manhosa. A questão não é, evientemente, a cobertura dos estabelecimentos é ASSEGURAR A COBERTURA DAS NECESSIDADES da comunidade educativa, alunos, professores, pais, funcionários, direcções e ainda a articulação com outros serviços. Dito de outa maneira, o critério de necessidade não é a unidade escola mas o universo que a compõe.
Com situações de agrupamentos com milhares de alunos esta afirmação é uma mentira.

Não estranho, já estou habituado, mas não gosto. 

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